Nomes das ruas que a Câmara resolveu substituir pelos existentes (1872)
1872 - NOMES das ruas que a Camara resolveo substituir pelos existentes.
A rua do Porto dos Padres General Ozorio
A » da Mangueira Primeiro de Março
A » do Ouvidor Duque de Caxias
A » d'Alfandega Conde d'Eu
A » do Fogo Do Caramuru
A » do Sacramento Dous de Dezembro
A » do Largo da Misericórdia Afonso Braz
A Praça Municipal Pedro Palacios
A rua da Varzea Sete de Setembro
A » Fresca General Camara
A » dos Pescadores Christovao Colombo
A » de Palácio Praça do Rubim
O Caes Municipal Caes da imperatriz
A rua do Egypto De Francisco Araújo.
Conferi — O vereador servindo de secretario.
Adrião Nunes Pereira.
Conforme.
O Secretario.
Tito da Silva Machado.
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A Medição do Sítio "Mulundum" (Denúncia - 1900)
De Antônio Alves de Azevedo.
A requerimento de Fortunato Pinto de Lyrio e outros, procedeu-se a medição e demarcação deste sítio, em cujo ato se deu a violação da Lei, a fim de esbulhar me de minha propriedade, adquirida pelos meios legais, como prova com documentos legais e comprobatórios!
Só a maledicência poderia influir, como influiu, para serem reconhecidos proprietários deste sítio, indivíduos aos quais não assistia o direito de propriedade nas partes invadidas e isto acintosamente, desprezando-se as escrituras e outros documentos, por me apresentados e com os quais provém ser eu o legítimo possuidor das duas partes do requerido sítio - Mulundum - e das do sítio - Campinho.
Seguindo a medição pela estrada do Conselho que compreende quatro proprietários confinantes!
Não obstante, porém, as reconhecidas divisas, quiso preposto entrar nos terrenos do cidadão José Antônio Machado Júnior, e isto pelo simples fato de lhe haver dito Fortunato que este terreno lhe pertencia e que o mesmo Machado colher a café com sua licença não prevalecendo a achar se ele bem dividido pela estrada e por marcos, deixando-se por este motivo ficar interrompida a respectiva medição, que só continuou depois que o mesmo Machado provou a legitimidade de seu direito.
Seguindo a medição sempre contando os meus terrenos, e ainda do Campinho comprados a Francisco Pinto de Siqueira.
O Caso Chácara Piedade (Morro do Campinho - 1719)
Chácara "Piedade" e "Mulundum" de Antonio Alves de Azevedo.
O sítio Chácara Piedade divide-se ao sul com as terras do convento do Carmo, hoje está dividida com os herdeiros do falecido Coronel Couto Teixeira, pelo oeste com as terras do convento de São Francisco e herdeiros de Manoel Francisco Guimarães de Azevedo, pelo norte com um córrego e terras de Dona Rosarinha e pelo leste com a estrada pública.
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Para prova do direito que me assiste obtive os traslados das antigas Escripturas, passadas no anno de 1795 e 1749 conhecendo ainda as de 1719 e 1826 relativamente ás confrontações dos sitios Campinho, e Mulundum, naquelie anno em que houve uma acção de limites promovida por Antonio Pereira de Souza, contra Gregorio Subtil, que vendeu dous quinhões do mesmo sitio a José Soares Pereira á 27 de outubro de 1749.
Estes quinhões vendidos houve por compra a Maria da Fonseca e cujas divisas constam das referidas escripturas parte a divisão da incumiada do morro aguas vertentes á esta villa até contestar com terras dos Padres Franciscanos e os Religiosos o que chamam Tingidor abaixo da Lapa.
Hoje estas terras e divisão é dos herdeiros do coronel Couto Teixeira, Azevedo, Domingos Francisco e outros.
Essa escriptura divide só por um dos lados e por outro não dá divisão a vista dos fragmentos apontados pelo tabelião, é este documento sem valor que se acha junto á acção que injustamente se me move.
Quinta escriptura do inventario do sitio Mulundum d. Maria da Penha de Jesus, a João Antunes de Siqueira.
A divisão de todo o sitio Mulundum até o pateo da Fonte Grande, parte do Oeste com terras de Manoel Francisco Guimarães, hoje propriedade de Azevedo e outros, pelo Leste estrada Geral do Conselho, ponto de divisão, pedra da cancella que fica na estrada partindo linha recta as terras de Manoel Francisco Guimarães, rumo de Leste meio quarto ao morro, e ao Sudoéste, quarto meio ao Este, duas partes hoje de A. A. Azevedo é uma dos autores.
Sexta escriptdra, de uma das partes do sitio Mulundum no anno de 1858, pela qual vendeu o Padre Francisco Antunes de Siqueira a José Gonçalves Espindula por seu procurador o fallecido José Marcelino do Vasconcellos.
Suas divisas pela parte do Oeste sao com terras do fallecido Manoel Francisco Guimarães, pelo Nordeste com a estrada geral do Conselho, e terras do dr. José de Mello Carvalho, hoje de J. A. Machado, pelo Sul com o sitio e terras de José da Silva Ferreira, tem duas jaqueiras e uma mangueira e cafés suas terras e pelo Nordeste com a estrada direita até a cancela do cercado de José Antonio dos Reis Bastos, hoje por herança de d. Rosarinha os autores (estou de perfeito accordo por ser esta escriptura que deve prevalecer.)
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Quatriênio do Governo Punaro Bley (1934)
Excelentíssimo Senhor Interventor:
A homenagem desta edição não se inspira em motivos subalternos. Esta amostra do que poderá vir a ser o nosso serviço de publicidade, se fixa o ciclo quatrienal da administração pública de vossa excelência - ressalta, sobretudo, a maneira esplêndida como o espírito santo avança, Sereno e firme, para as radiosas conquistas da civilização.
É modesto, este testemunho de admiração da quadra revolucionária na terra capixaba, sob a vontade inflexível, mas sempre benéfica e lúcida, de vossa excelência.
Não tem a policromia das páginas coloridas das vinhetas estilizadas, dos clichês vistosos. Mas, nestas páginas destacam-se ou perpassam realidades e perspectivas promissoras da cida do estado.
Conhecemos bem a nobreza dos sentimentos de vossa excelência, que se emolduram em alto relevo na sinceridade da modéstia da lealdade e do trabalho.
Amparado nessa força, já muito tem vossa excelência realizado. Mas muito espera ainda o Espírito Santo do descortino, do patriotismo, da visão iluminada de vossa excelência.
E esse desejo é uma aspiração vibrante e vitoriosa do povo espírito-santense.
Da simpatia, aplausos e solidariedade dele vossa excelência não pode duvidar, vendo os casacos verdes do despeito e da ambição - que, capricciosamente o combatem sem ideal, sem programa, sem galhardia de atitudes - morderem, desvairados, o chão espinhoso da
derrota.
As manifestações liberrimas, e espontâneas das urnas estão dizendo sem vacilação, com quem se acha a maioria construtora da coletividade espírito-santense.
Nesta hora de gralhas esperanças e aspirações para o estado, todos estamos certos de que vossa excelência, num período fixo de governo, continuará a engrandecê-lo promovendo novas atividades e realizações que nos destaquem definitivamente no panorama nacional.
Honradez e firmeza de princípios - atributos, que enobrecem a dignidade humana - e o conhecimento dos homens, que se agitam no cenário espírito sentence, são os elementos, que garantem sempre os triunfos de vossa excelência.
E, paralelamente a essa força, uma superior harmonia de vistas e de rumos entre os seus dignos e brilhantes companheiros e auxiliares da política e da administração.
Essa amizade sincera e mútua confiança - construíram a cidadela inexpugnável, donde o oposicionismo em vão tentará afastar vossa excelência.
Em dias próximos, a verdade confirmará o que estamos acelerando. Para ventura, prosperidade e concórdia do Espírito Santo.
Porque vossa excelência tem resgatado, pagando-lhe as dívidas e restaurando o crédito. Porque, acima de ódios e ressentimentos, tem feito uma política de tolerância e de congraçamento, que só os adversários sistemáticos condenam.
Porque, nos postos de maior evidência, afirmou homens de pensamento Claro e lealdade indubitável, ajudado dos quais se amenizam as asperezas da tarefa administrativa de vossa excelência.
Porque as questões abertas do ensino popular da saúde pública, das vias de transporte, ele tem inspirado providências.
Por que existe heroicamente as piranhas vorazes que rondam o horário público.
Porque sabe ser chefe sem deixar de ser amigo.
Porque sabe ser enérgico sem deixar de ser bom.
Aí estão as razões, Senhor Interventor Bley, porque lhe prestamos, ao encerrar-se o período de seu governo revolucionário, como órgão autorizado da opinião pública Estadual, esta modesta homenagem da nossa admiração e respeito.
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O Assassinato do Deputado Cyro Duarte (1938)
O Assassinato dos Irmãos Duarte, o ex-Deputado Cyro Duarte e o dentista Cairo Duarte.(1938).
DIARIO CARIOCA
Domingo, 8 de Maio de 1938
Barbaramente Assassinado em Muquy um Ex-Deputado Espiritosantense.
O ex-deputado Cyro Duarte, barbaramente assassinado
MUQUY, 6 — Espirito Santo —
(Do correspondente) Em circumstancias brutaes acaba de ser assa sitiado nesta cidade o ex-deputado estadual e actual tabellião. dr. Cyro Duarte, urna das figuras de grande projecção no Estado e cavalheiro muito estimado nesta localidade.
O crime que se revestiu de todas as características de perversidade, causou profundo abalo e indignação, a toda população muquyense onde o morto desfrutava de grande estima e consideração pelos seus dotes moraes e intellectuaes.
O dr. Cyro Duarte foi victima da sanha sanguinaria, de um soldado da policia, quando em companhia de seu irmão Cairo tentou reprimir excessos revoltantes do referido militar que seviciava barbaramente um preso.
O policial, indignado com a advertencia, sacou da arma alvejando os irmãos Duarte, originando-se dahi intenso tiroteio. Cessada a refrega estavam mortalmente feridos os tres protagonistas do lance dramatico, sendo que o ex-deputado veio a fallecer tres horas depois.
O dentista Cairo Duarte e o soldado foram removidos para Cachoeiro do Itapemerim, onde falleceu o segundo, sendo desesperador o estado do terceiro.
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A Romaria dos Homens (1958)
A Romaria dos Homens criada por Dom João Batista da Motta Albuquerque - 1958.
A primeira Romaria dos Homens aconteceu em 1958. Nessa época, os romeiros seguiam desde a Catedral de Vitória até o Campinho do Convento, e o percurso era permitido apenas para os homens.
A primeira Romaria dos Homens aconteceu em 1958. Nessa época, os romeiros seguiam desde a Catedral de Vitória até o Campinho do Convento, e o percurso era permitido apenas para os homens. Atualmente, com o aumento da quantidade de participantes e a permissão para mulheres, o final do percurso é na Prainha.
HISTÓRICO
A primeira edição da Romaria dos Homens ocorreu no ano de 1955, durante o dia, criada por Dom José Joaquim, com um trajeto diferente: passava pela Vila Rubim, Ponte Florentino Avidos, São Torquato, Rodovia Carlos Lindenberg e subia até o Campinho do Convento.
No entanto, em 1958, após decisão do então Arcebispo de Vitória, Dom João Batista, a romaria passou a ter os 14km de extensão, com realização à noite, período que os homens não estavam trabalhando e podiam participar da programação, que ganhou grande proporção.
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A Ilha da Trindade vai virar Porta-Aviões (Manchete - 1979)
A ILHA DA TRINDADE É UM ANTIGO VULCÃO QUE SAIU DE UMA PROFUNDIDADE SUPERIOR A 5 MIL METROS.
Revista Manchete - 1979.
A distância, ela parece emergir do oceano como um castelo fantástico, de ameias irregularmente dentadas.
Cimo de um vulcão que teve sua última erupção há milhares de anos, a Ilha da Trindade, no extremo da fronteira marítima do Brasil, não passa de um rochedo de 8 quilômetros quadrados.
Até agora, era apenas um posto avançado de nossa Marinha de Guerra. Com a construção da pista, que será inaugurada dentro de um ano, ela se transformará num gigantesco porta-aviões ancorado no Atlântico, a meio caminho entre o Brasil e a África.
Há menos de um mês, o Ministro da Marinha, Almirante Maximiano da Fonseca, e o Ministro da Aeronáutica, Brigadeiro Délio Jardim de Matos, estiveram na ilha, numa visita da qual fez parte a reportagem de MANCHETE.
"Um campo de pouso avançado em Trindade", diz o Brigadeiro Délio Jardim, "irá assegurar o controle marítimo e aéreo do Atlântico Sul".
O Almirante Maximiano da Fonseca concorda plenamente com o ponto de vista de seu colega da Aeronáutica.
A descoberta da Ilha da Trindade pelos navegadores portugueses foi um acidente obrigatório, pois o rochedo está situado precisamente na rota das caravelas descobridoras.
Até bem pouco tempo, os historiadores atribuíam a diferentes navegadores o mérito desta descoberta. Estêvão da Gama, João da Nova, Martim Vaz, Afonso de Albuquerque, Tristão da Cunha.
Mas Capistrano de Abreu dirime as duvidas e é taxativo: quem primeiro avistou a ilha, em 18 de maio de 1502, foi Estêvão da Gama, companheiro de Vasco da Gama na sua segunda expedição à Índia.
Fisicamente, Trindade é um conjunto monolítico, constituído de basalto vulcânico com características diversas da geografia continental, não se afigurando à cadeia do maciço submarino do Atlântico Central.
Elevando-se a mais de 5 mil metros das profundezas submarinas, a ilha exibe o cimo de uma montanha vulcânica caracterizada pela ocorrência visível de lavas e cinzas.
As rochas são altamente porosas, permitindo o armazenamento das águas das chuvas e a perenidade das várias nascentes por elas formadas.
A superfície da ilha tem dimensões irrisórias: 8,2 km2 fortemente acidentados. Na parte baixa predomina a vegetação de ervas e diferentes espécies de gramíneas. Mas a flora é rarefeita, oferecendo contrastes bruscos com a pequena mata de samambaias gigantes que crescem assustadoramente nos pontos mais altos dos rochedos.
RMS Titanic nos jornais Capixabas (1912)
NEW YORK, 19.
A commissão encarregada pela Bolsa Commercial desta cidade distribuiu aos naufragos trazidos pelo "Carpathia" vinte mil dollars.
Os naufragos que chegaram feridos foram conduzidos para o hospital S. Vicente, em serviços especiaes de ambulancia preparadas para tal fim.
O prefeito new-yorkino providenciou no sentido de serem alojados condignamente os sobreviventes, á medida que vão chegando, sendo indescriptivel o pezar que se nota em todas as phisionomias quando elles atravessam as ruas de baixo de sepulchral silencio.
Contam alguns, que assistiram a catastrophe, que o commandante ao ver perdido o seu belo navio suicidou-se mettendo uma bala de revolver na bocca.
Contam mais que na occasião do desastre o "Titanic" navegava em mar calmo deslocando vinte e très nós por hora.
Eram duas horas da madrogada quando,após violento choque num iceberg, o transatlantico começou a sossobrar, levando no seu bojo para o seio do oceano mil e setecentos passageiros. A narrativa do desastre compunge os mais empedernidos coraçoes. Dizem que, quando se sentiu que o navio - ia a pique, os naufragos se esmurravam, apinhando-se nos portalós, na ancia de tomarem as lanchas que afinal, pejadas, eram empurradas para tambem não sossobrarem.
Armas eram sacadas e, ameaçadoras, desrespeitosas, eram vistas aos centos. A confusão era horrivel. Gritos, crises nervosas, choro de creanças a buscarem inutilmente os pais, tudo concorria para augmentar o horror daquella noite tetrica, apavorante, como as scenas dantescas.
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Casa Espirito Santense (Rio, 1932)
A colonia espiritosantense, aqui domiciliada, recebeu com o mais vivo enthusiasrno a idéa da fundação de um centro, não só que reunisse os filhos da terra capichaba e seus amigos, como fosse um apparelho de propaganda econornica do futuroso Estado do norte.
Esse centro é a "Casa Espiritosantense" fundado pelo laudeado pelo pintor Levino Fanzeres, que tudo empreende pela prosperidade da sua terra, divulgando-lhe os valores moraes, economicos e intellectuaes.
Encontrando o artista festejado, não perdemos a opportunidade de pedir-lhe informações so-bre o que será a "Casa Espirito-santense" e de como agirá em propaganda dos interesses capichabas.
— Cada Estado procura ter aqui, para a sua colonia, o seu centro de reunião, cinde o convivio longe da terra natal mais faça crescer nos seus filhos o amor pelo berço em que nasceram, disse-nos o pintor de "Ararigboia".
Pesquisa, restauração, digitalização e transcrição: Fábio Pirajá.
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O Espírito Santo na Revista Guanabara Fluminense (1959)
Guanabara Fluminense recebida no Espirito Santo, de braços abertos.
Estamos gratos ao hospitaleiro povo das cidades de Vitória, Cachoeiro do Itapemirim, Colatina e Muqui, no Estado do Espírito Santo, pela bondade da acolhida generosa dispensada ao nosso companheiro de redação jornalista Manoel Botelho, por ocasião da sua recente visita aqueles municípios capichabas, em serviço de "Guanabara Fluminense".
Queremos estender o nosso agradecimento ás dignas e honradas autoridades espiritosantenses, bem como aos brilhantes colegas da imprensa daquêle grande Estado, pelo tratamento fidálgo proporcionado a Manoel Botelho.
Fica portanto registrado aqui o nosso melhor muito obrigado.
Guanabara no Espírito Santo
Viagem de Dom Pedro II ao Espírito Santo (1860)
CONVENTO DA PENHA — VILA VELHA DO ESPIRITO SANTO
Elevado audaciosamente no cume de um rochedo, a 145 metros de altitude, exposto à fúria dos raios e à violência eólia, em seus quatro séculos de existencia, o Convento da Penha tem sofrido avarias e passado por reformas conseqüentes, por transformações e mesmo por algumas transfigurações arquitetonicas.
Dai ressaltarem, em importáncia para a história, os apontamentos de Dom Pedro II sôbre a sua visita àquele convento.
Eles completam, em alguns pontos, o mais extenso documentario da época, escrito pelo ex-Presidente da Província, Coronel Jose Joaquim Machado de Oliveira, e publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Naquele tempo. a viagem de Vitória era feita em barco e existia, ao lado do portão de entrada do convento, um antigo barracão servindo de cais.
O guardião do convento, Frei João Nepomuceno Valadares, providenciou a melhoria desse cais, mandando construir urna ponte de madeira para o desembarque de Suas Majestades e fez levantar um arco, espécie de pavilhão com figuras alegóricas, no comêço da ladeira, para ser iluminado a noite. Fez mais: decorou o convento e preparou assentos especiais destinados aos augustos visitantes.
Naquela manhã de sábado, 28 de janeiro, às 6 horas, dava-se o embarque de Suas Majestades, em Vitória, acompanhados dos seus semanários, do Presidente Veloso e do secretário Dr. Brandão.
Conduziu-os o vapor Pirajá. o qual atravessou a ala das embarcações embandeiradas, no porto, de rujas tripulações e ocupantes se ergueram vivas.
Formou-se um cortejo de barcos atrás do "Pirajá" que, em menos de uma hora, chegava à Vila do Espirito Santo.
"No desembarque" — escreveu o correspondente do Jornal do Comercio - "foi S.M. recebido pela Camara Municipal, pelos oficiais da Guarda Nacional de Artilharia que se achavam em grande uniforme, subdelegado, juiz de paz. professor, e por muitos cidadãos, bem como por um grupo de meninas trajando branco, e que eram guiadas por um caricato de selvagem de nossas matas.
"A Vila do Espirito Santo estava em bulicio e movimento: havia saído do estado de quietismo e paz que lhe é habitual».
E prossegue: "Além de algumas pessoas que acompanharam o vapor, outras já esperavam a S.M. para subirem com êle a fatigante ladeira que precede ao Convento.
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O Convento da Penha (J. J. Machado de Oliveira - 1843)
De José Joaquim Machado de Oliveira para a Revista do Instituto Histórico e Geográfico do Brasil.
O mar que se debate com o Cabo Frio, constantemente irritado, desfazendo-se em alterosas vagas, porque este imenso promontório, ouriçado de penedias, perturba o movimento regular das aguas no seu fluxo e refluxo, e retorce as correntes da monção; as ilhotas disseminadas pela vasta curvatura de 30 léguas de bojo, que se desenvolve entre esse cabo e as adjacências da Lagoa Feia e que são outros tantos escolhos que ameaçam de naufrágio a navios a acoutados por travessias que os surpreendem nesse trajeto; o fundo aparcelado de São Tomé, que se abre em flor e domina uma vasta extensão inçada de perigos para a navegação costeira, e que nem sempre pode ser evitado a tempo e o que é mais assustador, esse temível mar dos Abrolhos, que a inexperto náutico continuamente afigura que prestes roçará seu arquipélago, ainda quando para ali a de percorrer algumas dezenas de léguas; todos estes preconceitos e apreensões mal calculadas, que se apoderam do ânimo do navegante em navio que suga aqueles mares, o atarantam e amedrontam, e por isso a celeuma dos marítimos, que anuncia o aparecimento de terra em tal altura em que estão desde que a proam para a costa dessa província e encontram o leme as águas de bombordo; e então reluzem seu semblantes a animação pela ausência de perigo.
Seu ponto mais elevado é o morro do Mestre Álvaro, que põe termo para o lado do nascente à corda de montanhas, que se ranificam da serra geral, e de cujos flancos derivam-se, entre outros, os rios de Santa Maria e Carahípe.
É ele que com suas formas colossais, talhadas na sumidade em vários grupos, que estão em contato com as nuvens, denuncia, primeiro que o sol, a latitude de 20 graus aquem do Equador.
Fica ali quase fronteiro o pico de Jucutacoára, que surge do centro de um grupo de montanhas na ilha de Duarte delemos, onde tem acento a cidade da Victoria, e no continente em ponto mais remoto, e plano mais inferior e sob-figura mais regular distingue-se o Muxauára, de recordação histórica que por muito tempo serviu de asilo a uma tribo indígena, das que habitava o litoral anteriormente a conquista.
Em mais aproximação, e quando já se reconhece a cordilheira, que primeiro se apresentara a lista, não se estende em linha reta, mas são diferentes porções que correm tortuosamente em diversos sentidos, e todas vão se encravar na serra geral, seguindo-lhe de contrafortes; quando entre estas falanges de formações montanhosas pode-se já discriminar cada uma delas, ou designá-las isoladamente pelos seus nomes locais, vê-se que toma a precedência a todas, esse projeta rapidamente sobre o mar, sem temor de seus assaltos, ou Morro Moreno, que se firma em suas bases, e se eleva com um cimo revestido de arvoredo, e marchetado de penhascos esbranquiçados.
Em sua espalda e sem mediar distância que perto é reconhecida, descobre-se a furto e sobranceiro ao Moreno um grande rochedo, no escuro, ao quebrado para uma, e que a ilusão ótica faz tomar por uma aderência daquele morro.
Essa escalda massa avulta um edifício radiante de brancura, e em contraste com a cor do rochedo, e que em outros tempos e em outro hemisfério se tomaria por um desses castelos de estilo romântico, que asilavam o feudalismo: é esse edifício uma igreja anexa ao convento da Penha!
A Vasco Fernandes Coutinho, o primeiro donatário da capitania do Espírito Santo, corriam os tempos mais serenos, depois de exonerado da crua e obstinada luta travada com os aborígenes, que precedentemente dominaram aquele senhorio, os quais, com acintosa resistência e porfiadas pelejas insistiam em opor-se aoingresso dos invasores em território que habitavam e fruíam desde tempos imemoriais;
E para que melhor colhesse os frutos do seu apanágio, aumentava sobretudo os meios materiais que ele podiam dar esse resultado, sendo o mais essencial destes a forçada sujeição dos indígenas para o fim de aplicá-los aos trabalhos rurais e fundação das povoações.
SEGUE...
Pesquisa, restauração, digitalização e transcrição: Fábio Pirajá.
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Província do Espírito Santo por Brás da Costa Rubim (1873)
Dicionário Topográfico da Província do Espírito Santo compilado por Brás da Costa Rubim para o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil em 1873.
Com o intento de prestar um pequeno serviço a província onde tive o berço, empreendi alguns trabalhos sobre a sua história e geografia.
Já tive a honra de ler perante o Instituto Histórico e Geográfico do Brasil, que me ouviu com a sua usual indulgência, as Memórias Históricas e documentadas da província do Espírito Santo, e uma memória sobre os seus limites: agora vem oferecer-lhe este dicionário topográfico, que organizei a vista das informações oficiais e particulares, que pude obter e dos mapas geográficos, topográficos, e corograficos inéditos ou publicados antigos e modernos que todos compulsei.
Não é o certo, ainda uma obra completa, e seguramente alguns erros deve ter, provenientes de informações inexatas, mas assim mesmo tem sua utilidade, e mais tarde as correções que lhe fizerem, o tornarão acabado e perfeito.
SEGUE...
Pesquisa, restauração, digitalização e transcrição: Fábio Pirajá.
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Dia da Árvore (Festa das Árvores)
Comemoração Dia da Árvore, antiga Festa das Árvores, comemorações muito concorridas no início do sec. XX.
Será isto não só um bello incitamento aos coevos, como um exemplo aos posteros.
Já em sua encantadora prosa, Coelho Netto com enthusiasino affirmou, ao ver as creanças garrulas sobraçando armas de trabalho agricola :
"Pelos sons marciaes dos clarins e dos tambores, pelo vosso aspecto, infantes, porque trazeis aos hombros armas que brilham, parece que nos achamos em presença de um exercito.
Bem haja a milicia do bem.
Sois vós os milicianos — alli, não longe, repousa, reluzindo á luz, formados como em bateria, não os canhoes que devastam, mas a machina agricola que fertiliza — não é o gume que mata, é o corte que fecunda.
Por munição trazeis a sementeira e a vossa batalha é contra a esterilidade — os despojos que almejaes são os que acogulam os celleiros".
Ofícios, Avisos e Portarias da capitania do Espírito Santo (Arquivo da Torre do Tombo - sec. XIX)
Relação de Ofícios, Avisos e Portarias expedidas pelo governador da capitania do Espírito Santo durante o sec. XVIII.
Arquivo da Torre do Tombo.
- Assuntos variados da Vila de Guarapari.
Garimpo no Espírito Santo (Século XX)
Os garimpo nas terras capixabas no início do Século XX.
Caxixe em Castelo;
Castelo, na região do Patrimônio do Ouro, comunidades de Batéia, Patrimônio do Ouro, Criméia, Povoação e Fazenda da Prata eram os lugares onde estavam as "Minas do Castelo".
Rio Fruteira em Cachoeiro de Itapemirim;
Pedra da Onça em Itarana;
Itaguaçu;
Alfredo Chaves;
Jaciguá (antiga Virgínia) Município de Vargem Alta;
São José de Fruteiras em Vargem Alta;
Fazenda Jacomi em Aracruz (1962).
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As Pedras do Ódio - O Garimpo de Aracruz (1962)
As Pedras do Ódio - Revista O Cruzeiro.
Fazenda Jacomi - O Garimpo de Aracruz (1962).
BARRADOS À PORTA DA FORTUNA
Atraídos por por uma verdadeira mina de pedras semipreciosas, recém-descoberta na , Fazenda Jacomi, no município de Aracruz, no Espirito Santo, mil e quinhentos garimpeiros, movidos pela ambição do riqueza, estão sendo contidos em seus propósitos, há mais de 25 dias, por um capitão da polícia e seis soldados armados de metralhadoras, numa situação que deverá perdurar até que a Justiça, de vez se pronuncie sobre ocaso. Do outro lado da cerca de arame farpado e sonho, o dono da mina espera com fé.
SOB AS TENDAS DE LONA, O SONHO
Todas as terras banhadas pelo rio Retiro são férteis em pedras preciosas, mas seus proprietários não descuidaram do dever elementar de registrar as minas.
A única exceção foi Domingos Giacomin, que acordou muito tarde para a realidade. Outros, como Florenço Galesso, firmaram contratos com os garimpeiros. Domingos tentou, ultimamente, mas exigiu demais e os ânimos mais se acirraram.
Enquanto o problema não é solucionado, os garimpeiros construíram uma autêntica Cidade de Lona com barracas em torno da mina.
O garimpo ali é fácil: basta cutucar a terra. Mai de Cr$ 300 milhões já foram obtidos em apenas dois meses de trabalho. Às vezes requer esforço. Mas compensa.
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Os Primeiros Dias da Villa de Victoria (Mario A. Freire - 1931)
O volume XIII dos «Documentos Historicos», publicados pela Bibliotheca Nacional, reproduz diversas cópias authenticas de antigos codices da Bahia.
São registros da correspondencia e actos dos Governadores Geraes, copiados no principio do seculo passado, por ordem do Vice rei, D. Fernando José de Portugal. Figuram tambem nesse volume os translados do foral e da doaçao com a conhecida apostilla, da Capitania do Espirito Santo. Já tivemos occasião de alludir á divergencia em alguns autores, quanto ao més em que foi firmada a doação a Vasco Fernandes Coutinho : - se em Janeiro ou Junho.
Segundo a reproducção agora feita, foi firmada a 1 de junho de 1534.
As Favelas de Victoria - 1927
A edilidade victoriense tem a resolver assamptos de rara complexidade e todos caindo sobre ella a um tempo, acompanhados das exigencias gritantes, nascidas do confronto feito com a capital da Uniao, a de S. Paulo, a de Minas, entre as demais.
O cidadão de Victoria que já possue, dada a exiguidade das rendas Municipaes, serviços relativamente perfeitos, não se satisfaz com o que tem, sempre quer mais, numa ansia de parallelizar-se á capital carioca, ou á paulista.
O desejo em si é dos mais nobres, e demonstra o amor que todos temos á cidade onde vivemos, mas é bom ouvir-se, para refreiar-nos os animos, as criticas murmuradas a surdina, contra a Municipalidade, que tem feito mais do que é possível.
E quando dizemos a Municipalidade, não nos referimos, é claro, só ao período actual de governo, embora seja das mais beneficas a administração vigente, mas a todos os administradores que tem investido a vasa e o mangue, têm rompido até com amizades velhas e considerações pessoaes, para bem servir aos interesses collectivos.
Figura nas preoccupaççies da edilidade acabar com as "favellas", alcandoradas nos morros que circundam a cidade. A' primeira vista, e conhecida a nossa indole sentimental, toda volvida á piedade pelos individuos, embora corra o maior risco o organismo impessoal da sociedade, a attitude dos poderes Municipaes parece atacar a propriedade em seus fundamentos, e o direito do pobre morar onde mais conveniente for á sua subsistencia.
Mas a hypothese é diversa, na verdade. Além de afeiarem a paysagem, o que é um motivo esthetico, e não administrativo e social para reprimil-as, as palhoças, choupanas, casinholas que grimpam as abas dos morros e ao seu cume, fogem a todas as regras prescritas pela hygiene urbana.
A ellas não vai a agua, nem esgôtos, e o serviço de remoção de detrictos é de todo impraticavel.
Para ventura nossa, essas habitações sordidas ainda não representam a morada do crime, o que mais dia, menos dia virá a ser com o insolito augmento da população.
Ha remedio, porem, ao mal, Jucutuquara, Bomba, Goiabeira, ilha das Caieiras, sitio do Batalha estão proximos, pedindo quem os povôe. Resta a questão do transporte facil e barato para essa população laboriosa, que tende a crescer com as obras do porto sempre em incremento.
Essa, porém, se resolverá com os bondes frequentes, ou auto-omnibus a bom barato.
Como se está vendo, dar a Victoria o seu aspecto definitivo, imprimir-lhe o cunho de uma cidade elegante, capital digna de um Estado rico, valem por directivas arduas, capazes de absorver mais de uma administração.
Os que a querer ver transformada por golpes de magica e artes de pirlimpimpim, e não têm olhos para comparar o que fomos, com o que somos, padecem de eterna insatisfacao e se attingirmos a organização cabalissima de Nova York ou Berlim, ainda assim a critica insegura lhes escorrerá dos labios.
Pesquisa, tradução, restauração, digitalização e transcrição: Fábio Pirajá.
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Passeio à Ilhas das Caieiras (Aristophanes - 13/05/1899)
CAROS sao os actos que praticamos uma só vez, sobretudo quando delles nos resulta o goso de um praser, a satisfacao do amor proprio, ou a alegria da consciencia.
E nao só sáo raros os actos que nao repetimos, mas acontece até que, durante a pratica de alguns, atravessa-nos a mente a idéa ou a lembranca vaga de já havel-os praticado, sem que entretanto possamos dizer onde, nem quando.
Pense que este facto, foi que gerou a crença em uma vida anterior e a falsa supposição do já haver o nosso espirito habitado outro corpo, senão igual ao que pussuimos, dotado pelo menos de sentidos faculdades identicas.
Penso tambem que não teve outra origem a theoria philosofica da transmigraçao das almas.
Os actos cuja pratica repetimos são de ordinario occasionados pela convivencia e pelas reuniões intimas, onde se trocam risos, affectos e se estrelam as relações ; resultam uns dos outros e estão entre si ligados como os elos de uma mesma cadeia.
Em virtude desta ordem e filiaçao de idéas, ou de accordo com ellas, presumo que posso affirmar, que da excursão á praia de Pirahem nasceu o pic-nic á sombra do cajueiro, no Cambury ; e do pic-nic deste aprasivel sitio o pic-nic da ilha das Caeiras em um dos domingos de abril ultimo, e do qual vou dar uma ligeira noticia.
Sahimos do Jardim Municipal ás sete horas da manhã, numa lancha a vapor, que para alli seguiu ao romper do dia, por ordem do estimavel Sr. coronel Espindula, á disposição do honrado Sr. Major Fonseca e de sua comitiva, composta de suas cinco amaveis filhas, do Sr. Raul, mulher e cunhados, do Sr. Grijó, mulher, cunhada e sete filhos travessos de todos os tamanhos, do dr. Chaves e tres filhas ; do Sr. Fulgeneio Paiva, e do humilde rabiscador destas linhas.
Não obstante a ligeiresa da lancha fui passando em revista os edificios publicos e particulares mais notaveis, assim como os mais importantes estabelecimentos commerciaes, cujos fundos, ou dão para o mar, ou sao d'alli descobertos atraves dos terrenos desaproveitados e ruas perpendiculares ao caes, a proporção que as confrontava, apreciando melhor uns que outros, conforme permittia a distancia da embarcação, que ora se approximava da margem, e ora se afastava della, segundo exigia a navegação.
Descortinaram-se successivarmente deante do meus olhos o sobrado do Pisoni, a loja de ferragens do Souza, o trapiche e armazens do Eugenio Netto, o Mercado Publico, o armazern de Wetzel & Compª., a alfandega, o palacete e vastos armazens de Pecher, Zinzen & Compª., o palacio do Gonverno, a livraria Moreira Dantas, alfaiataria Reseinini, grande loja de fasendas de Cruz & Irmao, João Rodrigues, Hard Randt & Compª., Cabral, Santa Casa da Misericordia e cervejaria Schmidt, montada se Momentos depois passamos a Vila Rubim, este subúrbio curioso e pitoresco e tão interessante pela originalidade de sua construção tão salubre pela sua elevação e ar puro que se respira.
Como a ocasião é tudo, e quem perde uma boa ocasião, pode não encontrar outra; fosse cousa, que só dependesse de mim, eu teria pouco adiante feito parar a lancha, a fim de saltar e examinar a matança que ainda não tinha visto e que parece-me, entretanto, bem colocada, apesar de não permitir me a distância onde há observei afirmá-lo de modo categórico.
Inspetor da Alfândega e tesoureiro do correio, assim como pelo inhanguetá, de propriedade da união, que tudo teria a lucrar em desfazer-se de lhe, atentos os estragos que se estendem por todas as partes e dependências ameaçando aniquilar o seu valor.
Chegamos enfim a Ilha das Caieiras com 37 minutos de viagem e desembarcamos ao lado esquerdo da casa de residência temporária do hábil e prestável farmacêutico Arieira, em cuja companhia também estava o senhor capitão Abrantes, energético e distinto oficial do corpo de polícia.
A casa que ocupamos, fica 10 metros distante, na mesma rua, e tem como a de que falo, o fundo para uma, cujo seio ergueu-se os pilares de pedra e cal, sobre os quais descansam as grossas travessas de madeira de lei, que servem de base a parede naquela parte sendo a frente do edifício levantada sobre terreno firme.
São as duas casas mais confortáveis da Ilha, de cujo solo e aspecto da Areia adiante uma ligeira descrição por não me parecer conveniente sacrificar a ordem cronológica dos fatos.
Logo que nos instalamos, notou o Senhor Antônio Moço, que não havia moqueca na abundante provisão aqui os nossos estômagos iam dar combate; e que ali se apanhava com facilidade roubalos vermelhos e carapebas para cuja pesca estava munido de excelente bombas de dinamite.
Escusado é dizer, que foi muito aplaudido e apoiado pelos amantes dessa diversão tão lucrativa quanto perigosa, que eu só conhecia por informação.
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Os aspectos interessantes da cidade (1927)
Pode-se dizer, sem receio de exaggerar, que Victoria é uma cidade que renasce.
Sem descer aos primeiros dias de sua vida, porque seria uma reconstituição difficil de se emprehender sem o auxilio dos archivos, sempre defeituosos, podemos recordar no emtanto a sua existencia ha uns quatro lustros atraz.
Poucos se lembrarão, talvez, de que Victoria era um amontoado ate construcções antiquadas e feias, sem jardins, sem luz electrica, sem bondes, sem agua canalizada, sem exgottos, sem automoveis, sem nenhum dos requisitos imprescindiveis a um meio civilizado.
Um theatro, feito de madeira, embora não fosse uma obra detestavel, recebia de vez em quando unta companhia de burletas...
Quasi nenhum commercio, pouco adiantamento intellectual e nenhum intercambio de idéas, nenhum traço, emfim, das cidades bafejadas pelo progresso e pela vida.
Veio, porém, o plano de erguer do marasmo a cidade de N. S. da Victoria, capital deste Estado pequeno e futuroso, e como por encanto, a cidade se viu possuidora de muitos melhoramentos que tanta falta lhe faziam.
Mas, ainda assim, muita cousa, ficou por fazer, especialmente porque, ao lado dos grandes predios, de construccao moderna e imponente, ficaram os casebres ridiculos e as ruas continuaram, na sua maioria, estreitas e mal calcadas, sem um alinhamento obediente aos preceitos rigorosos da symetria.
Comtudo, não era possivel prosseguir a obra iniciada.
O interior reclamava a assistenein dos poderes publicos, porque não tinha estradas, nem recebera os beneficios tão prodigamente distribuidos á capital.
SEGUE...
Pesquisa, tradução, restauração, digitalização e transcrição: Fábio Pirajá.
Sítio Inhanguetá (Antigo Anhanguita - Lameirão)
Em Inhanguetá, ao lado da Estrada de Contorno, o Sítio do Batalha surpreende com um dos mais belos cenários da Ilha, tão fértil em lindas e coloridas paisagens. Não sabemos o que mais encante, se o cambiante, o movimentado panorama — sucessão de vales, montes e planícies ou o plúmbeo contraste das rochas com a clorofila das matas e relvados pendores que vão às ravinas e devesas naturais dos campos de cultura.
Num cômoro, suavemente tapizado de relva, em lugar que a rocha se desnuda, entre gorgolejantes arroios, ergue-se austero o casarão colonial, testemunha de passado fausto, tisnado pela pátina do tempo, que assinala a sua veneranda decrepitude.
Nesse bucólico recanto, caprichosa a fantasia criou sombria história capaz de apavorar aos mais valentes. A ela prende-se o nome da região.
Anhanguitá — de: anhangá: Diabo, alucinado, louco e itá — sufixo
que designa plural. Há no sítio a rocha denominada Pedra do Diabo, em torno da qual gira a fabulosa lenda.
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Renave e o Estaleiro de Camburi (1975)
Vejam o absurdo do projeto para o Estaleiro Renave em plena Praia de Camburi - Veja 16/07/1975.
A última praia - 1975.
Os interesses desenvolvimentistas prevaleceram, no caso de Vitória, sobre as preocupações ambientais. Pois a construção do estaleiro, com todas as vantagens económicas e sociais que certamente proporcionará, implica também o sacrifício da última praia frequentável da cidade.
As quatro outras que existiam já foram aterradas pela Companhia de Melhoramento e Desenvolvimento Urbano nos dois últimos anos, e a praia artificial anunciada para Camburi sofre, e antemão, a crítica do oposicionista Arnalto Pratti, um dos líderes da derrotada campanha do "Não" ao estaleiro: '*Nos primeiros anos, não haverá problemas. Depois, irão certamente cercar tudo, dizendo ser área de segurança".
Protestos semelhantes têm espocado com freqüência desde que se decidiu implantar uma era industrial capixaba.
Como resposta, o governo estadual acelera a criação de um Departamento do essa iniciativa, Meio Ambiente, Mesmo tão reclamada por conservacionistas de outros Estados, não anima os do Espírito Santo.
Primeiro, porque não se sabe, até agora, de convites aos dois mais respeitados ecólogos capixabas, o naturalista Augusto Ruschi e o engenheiro ambiental Jaime Pinheiro Larica.
Depois, como prevê o vereador Pratti, porque "o Departamento está sendo criado pelo governo para defender idéias e interesses do governo".
VEJA. 16 DE JULHO. 1975.
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O Rapto da Menina Luci (1949)
DESVENDADO RAPTO DA MENINA LUCI
Maria Regina, a raptora, presa pela Policia de Vitoria - Disse que gostava da menina e por isso resolveu Ieva-Ia em sua companhia - Aguardada a presenca de Georgete - As 9 horns de ontem a primeira noticia - Como foi procedida a descoberta da menor
Gracas as diligencias da policia de Vitoria, no Espirito Santo, acaba do atingir o capitulo final, o pungente drama em que se viu envolvida uma humilde e modesta domestica, empregada na rua Oitis, 6, Gavea, residencia da familia Azambuja.
Noticiamos em amplas reportagens, o dramatico acontecimento da mae que de um momento para o outro se sentiu ferida no mais profundo dos sentimentos, e, de uma maneira estranha, inexplicavel e por todos os motivos misteriosos.
Georgete Silva, assim se chama a pobre criatura. A filhinha, que lhe arrebataram é Luci, uma garottnha de umn ano e tres meses. Tudo se deu no dia 7 de julho proximo passado.
Georgete entregava-se a seus afazeres nos fundos da residncia, enquanto Luci brincava desencuidamente a alguns metros de distancia. Nisto, inopinadamente, surge uma mulher que Georgete reconheeeu como sendo Maria Regina e da qual fora vizinha anterirmente, quando trabalhava na rua 12 de Maio, na casa da familia Barros.
A visitante deixou Georgete surpreendida com a sua presence, pois, ao sair do antigo emprego nao dera o novo endereco a ninguem e as relacoes que mantivera com Maria Regina, entao empregada numa das casas vizinhas, tinham sido tão superficiais que não permitiam absolutamente a intimidade de uma visita daquela natureza.
Todavia, não podendo jamais adivinhar os malevolos designios da mulher, Luci com ela travou ligeira conversa, que terminou com um pedido da visitante para dar uma voltinha com a criança. Georgete não concordou e ato contínuo penetrou na residencia, onde alguns afazeres exigiam a sua presença.
Lá esteve alguns minutos e quando voltou verificou que Maria Regina havia desaparecido assim coma a sua filhinha Luci. Tomou-se imediatamente de fundados temores e em desespero saiu a
correr pelas ruas adjacentes a ver se ainda encontrava a sua filha.
Os seus esforços foram baldados. Voutou a cassa e relatou o fato aos seus patrões, que tomaram logo as necessárias providências.
O delegado Castelo Branco se inteirou da ocorrencia e desde então uma série de diligências foi levada a efeito pelas autoridades policiais. Partindo de uma pista de que uma mulher do tipo de Maria Regina subira a rua Marquês de São Vicente levando uma criança, a policia reconstituiu os passos da raptora por diversos pontos da cidade, acabando por perdê-los dias depois.
A última noticia sobre Maria Regina fora fornecida em São Cristóvão por famílias que caridosamente haviam dado abrigo à uma pobre mulher que se fazia acompanhar de uma criança.
Essas familias, atendendo a uma pretensão da sua protegida que desejava ir para o Espirito Santo, se cotizaram e entregaram à raptora a importancia de 150 cruzeiros para a passagem.
Desde então Maria Regina desapareceu.
CAPTURADA PELA POLICIA DE VITORIA
Aqui entra o papel importantissimo da imprensa. "A Noite Ilustrada" publicou ampla reportagem sobre o assusto.
E foram os dados desta reportagem que levaram as policiais do Estado do Espiirito Santo a desvendar o misterioso rapto e consequentemente, a capturar a audaciosa raptora.
Maria Lucia e não Maria Regina como a principio se pensava chamar-se, foi ontem presa pelo comissário Clemente Campos, da 4. Delegacia de Vigilancia de Vitória. Uma ligação telefonica com o policial capixaba nos pos a par das diligencias por ele levadas a eleito com o auxilio dos investigadores Ricardo Murilo, Hamilton Costa e João Batista.
Aliás, aquela autoridade nos informou que Maria Luzia ja era fichada na delegacia.
Mulher ali radicada há muitos anos, era frequentadora assídua dos meios boémios daquela cidade.
Desaparecera por algum tempo e agora ao voltar as autoridades procuraram renovar-lhe a ficha.
A policia desde lo-go estranhou a presença da criança. Todavia, dada a semerlhança existente entre as duas não puseram dúvida que se tratava , de mãe e filha.
E, assim, Maria Lucia passou a levar a sua nova vida.
Entregara Lucy a uma moça de nome Maria Candida, residente na Ilha do Principe, distrito de Vitória, que recebia 20 cruzeiros por mes para cuidar da criança.
Podia então livremente dedicar-se à sua vida fácil. Vinha frequentando assiduamente a Pensão Alegre, na rua General Osorio, 20, até que ali se deu o roubo de um anel.
A presença da policia assustou Maria Lucia, que desde o dia do furto desapareceu da pensão.
Todavia, ali deixara as suas roupas, as quais examinadas pelo comissário Clemente Campos, o levaram a certeza de que Maria Lucia e a raptora do Rio, Maria Regina, eram a mesma pessoa.
E, que a crianca não era outra senão Luci, filha de Georgete.
Lá estavam dentro do embrulho os objetos descritos na reportagens: o capote, a calcinha de borracha azul e o macacão.
Redobraram-se as investigacões si ontem, às 3 horas, Maria Lucia era presa, quando transitava pela praça Costa Pereira, em frente ao Café Avenida.
A CONFISSÃO DO RAPTO
Levada á 4. delegacia auxiliar Maria Lucia a principio negou o rapto de Lucy. Depois diante das provas concretas que contra ela eram apresentadas, confessou o crime alegando que ela fora induzida por um seu amante de nome João Morais.
Finalmente, depois de diversas contradicões Maria Lucia declarou simplesmente que fora levada àquele gesto porque gostava imensamente da criança.
Esta, foi sem dúvida, a alegaçãá que mais convenceu as autoridades.
Por fim confessou onde deixara Lucy. A menina foi imediatamente locatizada e como se achava presa de forte gripe, foi internada no Hospital Infantil de Vitória.
FALA GEORGETE
Nossa reportagem conseguiu se comunicar com Georgete e esta nos disse aue havia recebido uma comunicação da policia do Espírito Santo, as 9 horas de ontem.
Entretanto, não acreditava ainda, pois, muitas foram as noticias, porém, sem fundamento.
Mais tarde, falamos com a autoridade referida e demos a confirmação a mãe de Lucy, e o contentamento de que esta foi tomada é algo de indescritivel.
Agora, resta sua presença naquela delegacia, a fim de lhe ser restituida a filhinha.
Pesquisa, restauração, digitalização e transcrição: Fábio Pirajá.
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Mil Alemães assentados no Espírito Santo (1920) e Colônia Polonesa perdida desde 1873 no Rio Doce
Mil Alemães assentados no Espírito Santo (1920)
Três Mil Alemães serão assentados no Brasil.
O Espírito Santo prepara-se para acerta cerca de mil imigrantes (1920).
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Colônia polonesa perdida desde 1873 localizada no coração do Brasil
Rio Janeiro, 23 Jan (AP) - A descoberta de uma colônia polonesa perdida de quase mil habitantes no vale do rio Doce, no Espírito Santo, é relatada pelo naturalista polonês Stanislaus Przyjemski, que acaba de voltar para cá.
A colônia está perdida desde 1873. M. Przyjemski diz ter encontrado os poloneses agrupados em completo isolamento. Eles ainda falam a língua polonesa.
As pessoas eram fisicamente saudáveis, embora vivessem em uma zona tropical desconhecida do povo brasileiro.
Os colonos originais estão mortos e seus netos não têm conhecimento de seus parentes na metrópole.
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Surto de Febre Amarela 1889, Terremoto 1817 e Fogo no Navio Grego 1933
Surto de Febre Amarela e estado de quarentena no Espírito Santo - 29 de março de 1889.
Terremoto no Espírito Santo - 1917.
The Alaska daily empire. [volume], May 17, 1917.
Fogo no navio grego - 1933.
The Washington times. [volume], August 03, 1933.
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