O hydro-avião português "Argos" na Victoria (1927)
Chegará hoje a Victoria o hydro-avião "Argos".
Segundo telegramma que o jornalista Henrique de Mello,
nosso collega, d' "A Patria", transmittiu hontem da Bahia para o distincto sr. Jesus Martins, chegará hoje a Victoria o arrojado "az" Sarmento Beires, que faz o triumphal vôo Lisbôa-Rio de Janeiro.
Victoria não era escala desse vôo. Mas, hontem semelhante acontecimento ficou resolvido, afim de "Argos" tomar gazolina neste porto.
Agradavel noticia que damos ao povo de Victoria, que acompanha com, grande interesse, em todos os seus detalhes o magnifico feito lusitano.
Sarmento Beires e seus destemidos companheiros serão recebidos carinhosamente pela nossa população e, apesar de não se saber ao certo quantas horas passarão nesta cidade, a laboriosa colonia portugueza lhes prepara grandes homenagens.
O "Argos" deve aqui chegar ao meio dia.
A espectativa em Victoria
VICTORIA, 10 (A. A.) - Os telegramas da Bahia não esclarecem, positivamente, sobre se o "Argos" desce ou não nesta capital.
Não obstante esta incerteza, o povo começa a affluir ao caes, afim de aguardar a passagem ou a chegada dos gloriosos "azes" portuguezes.
Às autoridades maritimas tomam providencias no sentido de desimpedir o porto para a possivel amaragem.
Os aviadores portuguezes estão sendo esperados, ansiosamente nesta eapital. O tempo está magnifico.
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Comissão de Planejamento da UFES (Revista O Cruzeiro, 02/03/1968)
Reunião da Comissão de Planejamento para a criação da UFES em 1968.
O CRUZEIRO, 2-3-1968.
Comissão de Planejamento da UFES com o Deputado João Calmon e o Ministro Hélio Beltrão e o Reitor Alaor de Queiroz Araújo.
Assumindo a Reitoria há cêrca de um ano e meio, o professor Alaor de Queiroz Araújo estava consciente de que encontraria a Universidade Federal do Espírito Santo constituída apenas de uma série de unidades semi-independentes.
De logo propôs ao Conselho Universitário a criação de uma Comissão de Planejamento, para enquadrar a UFES em bases científicas e atuais, numa estrutura que atendesse à nova concepção da Universidade.
A tarefa da Comissão de Planejamento ia a meio, quando se tornou conhecido o texto do Decreto-Lei 53, de novembro de 1966, determinando a reestruturação das Universidades. Com justificada alegria, verificou-se que as normas ditadas pelo nôvo texto legal coincidiam com o trabalho em elaboração.
Naquela tarde de 2 de fevereiro, na sala de reuniões da Comissão de Planejamento da Universidade Federal do Espírito Santo, um grupo de homens atentos, em tôrno do ministro Hélio Beltrão, ouvia, concentrado, uma exposição.
O mais atento era o titular do Planejamento. Ao final, disse o ministro:
— Nunca encontrei uma equipe tão noticiada.
Era a mesma impressão que tivera o repórter, há dois meses, quando do primeiro contato com o grupo de brasileiros que planeja as atividades da Universidade Federal do Espírito Santo.
Há entre êles um sentido de equipe que se diria quase sagrado. A pureza de intenções daqueles homens é notável. Principalmente pelo informalismo,
pela clareza no trato dos assuntos, pelo despojamento de atitudes. ÊIes estão criando uma Universidade nova, procurando oferecer perspectivas ao crescimento econômico, social e cultural de seu Estado.
Festival Jantzen - LBA do Espírito (Teatro Carlos Gomes - 1955)
VITÓRIA DOS BROTOS CAPIXABAS.
Revista Manchete - 1955.
Ektachromes de Orlando Machado.
Maria Thereza Pretti, Cléa, Anna Angélica e Malvina exibiram para a melhor sociedade de Vitória, na festa em benefício da L. B. A. do Espírito Santo, as últimas criações de Jantzen para o próximo verão.
O "show" do Festival Jantzen foi escrito. ensaiado, dirigido e representado por senhoras e senhoritas da sociedade de Vitória. E para o sucesso alcançado muito contribuíram os famosos brotos capixabas, como esta belezoca que é Malvina Pimentel.
Cléa Lygia Rezende, Florita Santos e Anna Angélica Barbosa foram outras autênticas atrações do Festival. Desfilaram várias vêzes, com graça e elegância, pela passarela do Teatro Carlos Gomes.
Norma Moreira e Sônia Modenesi representaram (e muito bem). Os brotos desfilaram e Robson Tironi foi um "recuperado" pelas areais de Guarapari.
AS capixabas de Vitória, cuja beleza é conhecida e admirada em todo o Brasil (há quem desconheça que Vitória é uma ilha; ninguém contudo desconhece que é a cidade das môças mais belas do país), são também elegantes como poucas.
As "misses" que compareceram ao Festival Jantzen fizeram lábios redondos, admiradíssimas.
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O Fim da Segunda Guerra Mundial (1945)
Comemorações pelo fim da Segunda Guerra Mundial ocorrida em Vitória no dia 08 de maio de 1945.
Imagens: Fundo SCRTE - Acervo do Arquivo Público do Estado do Espírito Santo.
4º Centenário da Colonização do Solo Espírito-Santense (1935)
Comemoração do 4º centenário de Vila Velha - 1935.
23 de maio de 1935 é considerada a data do Quarto Centenário da Colonização do Solo Espírito-santense. Por que não Quarto Centenário de Vila Velha, se foi aqui que tudo começou? Foi nessa data que Vasco Fernandes Coutinho aportou na enseada da Prainha com a sua caravela Glória para dar início à colonização da capitania.
Os festeiros Miguelzinho Aguiar, Clementino Barcellos, Lucio Bacelar, acompanhados de outras pessoas influentes da cidade e com integral apoio do prefeito, o engenheiro civil Francisco Almeida de Freitas Lima, entenderam que aquele centenário deveria ser comemorado condigna e festivamente, e de acordo com as tradições da cidade. Assim resolveram encenar a chegada de Vasco Fernandes Coutinho com seu séqüito à Prainha.
Trecho transcrito do Livro: Ecos de Vila Velha, 2001 - Pág.: 176 a 179;
Autor: José Anchieta de Setúbal;
Compilação: Walter de Aguiar Filho, maio/2012.
Chegada do Navio Escola Almirante Saldanha da Gama a Victoria em 23/05/1935 sob o comando do Capitão de Mar e Guerra Durval Teixeira.
O navio chega para as comemorações do 4º Centenário da Colonização do Solo Espírito-Santense e dos 33 anos de fundação do Clube Saldanha da Gama.
Monumento a Domingos Martins de José Octávio Corrêa Lima (1918)
Inauguração do Monumento a Domingos José Martins de José Octávio Corrêa Lima.
CORRÊA LIMA (São João Marcos, RJ, 1878 - Rio de Janeiro RJ, 1974).
por Arthur Valle.
Escultor e professor, José Octavio Corrêa Lima iniciou a sua formação artística em 1892, freqüentando como aluno livre as aulas de Belmiro de Almeida, Modesto Brocos, Zeferino da Costa e, especialmente, de Rodolpho Bernardelli na Escola Nacional de Belas Artes (ENBA). Na Exposição Geral de 1899, foi contemplado com o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro, com a obra Remorso. Entre 1899 a 1902, permaneceria no Velho Mundo, primeiro em Paris, depois em Roma, cidade onde fixou um ateliê e promoveu freqüentes sessões de modelo vivo, das quais participavam artistas locais.
A concepção do monumento pauta-se em linguagem que carrega resquícios do romantismo e da ideologia positivista, destituída do caráter trágico que envolveu a morte do herói. O busto de Domingos Martins posiciona-se no alto e na parte anterior do bloco escultórico. A crítica costuma enfatizar o realismo que o escultor imprimia ás suas figuras. Neste caso, o escultor parece ter se inspirado na reprodução de retrato do herói, pintado a óleo por artista de seu tempo. A cabeça apolínea do jovem revolucionário possui traços harmônicos e fidalgos, porte atlético, expressão serena. Mantém o olhar fixo no horizonte, como se vislumbrasse que seu sacrifício não seria em vão.
Ficha Técnica:
Endereço:
Rua Pedro Palácios - Ao lado do Palácio Anchieta
Autor:
Corrêa Lima
Obra:
Grupo escultórico fundido em bronze / PEDESTAL: Granito Cinza Corumbá apicoado, montado em seis patamares.
Dimensões:
H: ≈200 L: 120 C: 140 / PEDESTAL: H: 350 L: 200 C: 184
Data de inauguração:
5 de novembro de 1917 ou 28 de novembro de 1918
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Salve-se quem puder, Rally da Juventude (Vila Velha - 1972)
Filme brasileiro: SALVE-SE QUEM PUDER - RALLY DA JUVENTUDE. (1972)
SALVE-SE QUEM PUDER - RALLY DA JUVENTUDE ou simplesmente RALLY DA JUVENTUDE é um filme de comédia brasileiro de 1972, dirigido por J.B.Tanko. Trilha musical de Zé Rodrix.
O milionário solteirão Aníbal resolve promover a competição "Rally da Juventude" que acaba causando uma discussão entre a sobrinha Helena e o namorado dela, Fernando.
O motivo é que o rapaz e sua turma querem participar da competição sem a companhia das namoradas. Helena então resolve pedir ao tio que a deixe utilizar Boddy II, um calhambeque de corrida que parece ter vida própria e é muito malandro. Marieta, a eterna namorada de Aníbal também resolve competir, sob a promessa de que o milionário se casará com ela se disputasse o rally.
Ela e a fiel e atrapalhada empregada Geralda vão pilotar Jaqueline, outro carro que também ganha vida própria. Enquanto a competição se desenvolve, um trio de bandidos planeja roubar o troféu oferecido por Aníbal aos vencedores: o "Garoto de Ouro", uma estatueta de ouro de cinco quilos.
SALVE-SE QUEM PUDER - RALLY DA JUVENTUDE.
BRASIL
1972 • cor • 92 min
Direção J.B.Tanko
Roteiro Gilvan Pereira
J.B.Tanko
Elenco Navarro Puppin
Jorge Cherques
Norma Sueli
Gênero Comédia
Idioma português
Elenco
Boddy II, O Calhambeque malandro
Jaqueline, a Caranga Biruta
Norma Sueli...Marieta
Zeni Pereira...Geralda
Jorge Cherques...Anibal
Iracema de Alencar...Amália
Lilian Fernandes...Liliana
Wilson Grey...chefe dos bandidos
Wilza Carla...esposa do prefeito
Tião Macalé...ciclista
Carlos Costa...prefeito
Danton Jardim
Carvalhinho...apresentador
Fernando José
Zezé Macedo...cliente
Rafael de Carvalho...dono da horta
Francisco Dantas
Victor Zambito
Apresentando:
Navarro Puppin...Fernando
Clarice Martins...Helena
Abel Faustino...Ricardo
Monique Lafond...Kátia
Carlos Pikado...Biriba
Lêda Zeppelin...Graça
Sidney Dore...Trico
Participação especial:
Antônio Marcos...ele mesmo (apresenta a canção "Dados Biográficos")
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Filme "Quando as mulheres querem provas" (1975)
Filme "Quando as mulheres querem provas", gravado em Vila Velha e Vitória em 1974.
Quando as Mulheres Querem Provas é um filme brasileiro de 1975 dirigido por Cláudio MacDowell.
Sinopse
De férias em Vitória, um paquerador convicto vê sua masculinidade posta em dúvida por causa de um boato, o que atrai a atenção justamente da psicanalista casada que lhe interessava. Quando a verdade vem à tona, ele é obrigado a fugir da cidade, mas a fama o acompanha até o Rio de Janeiro, onde desta vez a prova é exigida por um grupo de homossexuais.
Elenco
Carlo Mossy... Bira
Rossana Ghessa... Marta
Henriqueta Brieba... Violeta
Rodolfo Arena... Arquimedes
Iara Stein... Verônica
Shulamith Yaari... Terry
Tutu Guimarães... Brigite
Hugo Bidet... Dr.Sampaio
Fernando José... Antônio
Black John... Jorge
Dita Côrte-Real... Jane
Pedro de Lara... ele mesmo
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COHAB-ES (Companhia Habitacional do ES - 1965)
A Lei 40380, de 21 de agosto de 1964, que instituiu o Sistema Financeiro
da Habitação e criou o Banco Nacional da Habitação, estabeleceu que o
SFH poderia ser integrado, inclusive, por Sociedades de Economia Mista
em que houvesse participação majoritária do Poder Públicoo Estava aberto o caminho para o surgimento das Companhias de Habitação - COHAB, agentes do SFH para atendimento à demanda habitacional da população de baixa renda.
A COHAB-VT foi intituída na forma daoLei Municipal nº 10419/65,
portanto vinculado a Prefeitura Municipal de Vitória.
À partir da Lei Estadual 30043 de dezembro de 1975, conforme expressa o
artigo 119, a COHAB-ES ficou vinculada a Secretaria de Estado do Bem Estar Social.
Em decorrência da Lei 20820/76, o Poder Executivo Estadual foi autorizando a promover a sua reestruturação de forma a ajustá-la às normas opercionais do BNH, conforme a RD-42/66, a que fixava da forma de inscrição e registro das COHAB-ES no BNH à apresentação de programas e anteprojetos da contratação, da contratacao de obras dos critérios de seleção e classificação dos beneficiários e as condições de venda das habitações.
A COHAB-ES é uma empresa de economia mista que atua como agente do SFH para as operações de natureza social, tomando para si os objetivos defl
nidos pelo Governo Federal relativos a eliminação do déficit habitacional.
Apresentamos, pelo menos, três dos objetivos definidos pelo BNH quando
da sua constituição:
- a difusão da propriedade residencial, especialmente entre as classes
menos favorecidas;
- a melhoria do padrão habitacional e o ambiente, bem como, a eliminação de favelas;
- a redução do preço da habitação pelo aumento da oferta, da economia de escala de produção e no aumento da produtividade da construção civil e redução de intermediários.
Castello - Cellula Viva do Progresso Capichaba (1940)
O Municipio, de Castello, no Espirito Santo, com a optima administração que orienta actualmente o seu destino, tem deixado a perder de vista as anteriores situações, não só pela segura direcção administrativa, como pelo surto idealistico que anima todo o seu povo.
No Estado Novo, como disse admiravelmente o Presidente Vargas, não ha lugar para os descrentes de si e dos outros.
A fé remove montanhas e o patriotismo constróe nações.
Assim é que esse rico Municipio capichaba vê a sua ascençáo em todos os sentidos sua reorganisação financeira se processa sem alardes, mas firmemente.
O Prefeito municipal, dr. Mario Corrêa. de Lima, tem desenvolvido uma actividade digna de louvores, S.S. não descansa no seu intuito de fazer ccm que Castello se hombreie com os municipios mais bem organisados e prosperos do Espirito Santo.
Os seus auxiliares. administrativos são os srs, Moacyr Caxias, secretario; Alenio Rangel, thesoureiro e Manoel Pires Martins, director de Obras.
Esses funccionarios, conscios dos seus deveres, muito têm feito, nos seus sectores/ corroborando na beila administração do prefeito dr. Corrêa de Lima.
O Municipio de Castello, que se compõe de 3 districtos, que são a Séde, Santo André e Conceição do Castello, possúe 35 mil habitantes e 3.700 na cidade, que é limpa e ccm muitos formosos predios; igreja, cinema, hoteis, etc.
A área do municipio abrange 1115 kiiometros quadrados, os quaes, fóra a zona urbana, são magnificamente aproveitados em campos de pastagens, em plantações e ricas mattas.
A cidade é toda calçada, com rêde de exgotos e agua encanada, lindos jardiñs publicos e tres praças e dois bons hospitaes onde clinicos competentes mitigam a dôr dos que soffrem.
A comarca foi installada ha um anno, sendo o cargo de juiz de Direito exercido pelo juiz dr. Francisco Menezes Pimentel Junior espirito culto e digno continuador do nome de seu illustre progenitor.
A promotoria publica tem igualmente na pessoa do dr. Carlos Teixeira de Campos um digno representante. Zelando pela ordem publica, o sr. Oscar de Paula e Silva exerce, as funcções de delegado de policia, no que se mostra com a serenidade e o espirito ponderado que devem possuir os mantenedores da ordem.
Castello é municipio de fartos recursos e a cidade conta com 6 medicos e um no districto, 4 advogados, 5 pharmacias na cidade e uma em cada districto e 4 dentistas.
O orçamento annual do municipio no anno passado foi de 313:800$000, sendo arrecadados 361:429$900, o que fez ccm que elte ficasse em quarto lugar entre os municipios do Estado, significando isso uma situação privilegada nas finanças municipaes.
Este anno, visando cumprir á risca o seu programma de embellezamento da cidade, o dr. Mario Corrêa de Lima, ordenou a reconstrucção da Praça Ruy Barbosa, que se achava com grandes falhas, a construcção da Praça da Matriz, que recebeu o nome, de tão alta significação para o Novo Brasil, de 3 de Novembro e que foi inaugurada nessa data; festejando assim o município
condignamente o fecundo decennio do Governo Getulio Vargas.
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Os Dias Coloridos de Castelo (Corpus Christi - 1970)
OS DIAS COLORIDOS DE CASTELO - 1970.
Texto de WANDERLEY LOPES • Fotos de WALTER LUIZ
Castelo: aqui, as flores fazem a festa
Belos desenhos. os mais curiosos arabescos e o gosto mais apuraao transparecem nas ruas ornamentadas pela imaginacao do povo de Castelo, cidade da zona serrana do sul do Espirito Santo. Material de todo Imo e empregado para as efeitos planejados: areia fina, borra de café, tampinha de garrafa, floras, alvaiade, serragem, tudo em infinitas combinacoes que embelezam as ruas em quase dois quilometros de extensao.
HOMENAGEM CRISTA
A primeira ornamentacao surgiu em 1953 por ideia da Irma Vicencia, filha da caridade de Sao Vicente de Paulo, que chegou ern Castelo no ano de 1952. Com quase 40 anos, uma figura querida por todos. Uma conselheira.
HA muito tempo, em Friburgo, Estado do Rio, ela viu num campo de futebol, numa procissao interna da ordem de Sao Vicente de Paulo, um pequeno quadro ornamentado corn desenhos de um calice. Achou interessanta e admirou demoradamente a beleza da decoracao.
Em 1952, ja em Castelo, ao folhear a Revista Familia Crista, vita em uma das paginas fotografias de algumas quadras decoradas corn motivos religiosos para reverenciar a passagem da procissao de Corpus Christi.
A mesma revista e as fotos tambem foram vistas por duas senhoras da cidade que, unidas pela mesma ideia, em 1953 decoraram uma pequena quadra em frente capela do hospital por onde a procissao deveria passar.
AMOR E CUIDADO
Atualmente os tapetes ja tomam conta de toda Castelo. O povo trabatha nisso com amor e carinho. Nenhum veiculo se atreve a transitar pelas ruas da procissao.
Ninguem ousa pisar ou tocar nos arranjos artisticos e, durante o cortejo, e conduz a Custodia e os elementos do palio se sentem autorizados a percorrer os tapetes ornamentais.
A procissao em si, atrai todas as atencoes da cidade e vizinhanca que acorre a Castelo para assistir as festas de Corpus Christi.
General Rondon no Espírito Santo (1927)
General Rondon entre os índios do Rio Doce por Fróes Abreu.
Revista da Semana de 01/01/1927.
(Especial para a REVISTA DA SEMANA)
A reunião do 8º Congresso Brasileiro de Geographia, em Victoria, deu ensejo a que um grupo de apreciadores da nessa terra conhecesse certos recantos de incomparavel beleza.
Os congressistas que acompanharam o general Rondon em excursão aos aldeamentos indigenas tiveram a opportunidade de estar em contacto com duas tribus descendentes dos Aymorés que se notabilizaram, noutros tempos, pelo espirito bellicoso.
De todas as excursões foi essa a que deixou mais vivas impressões e a que deu opportunidade a se apreciar melhor as possibilidades economicas do pequeno Estado.
Poude-se ali apreciar a paizagem natural, em sua virgindade absoluta, e ao mesmo tempo antever a paisagem cultural, daqui a alguns annos, quando o Rio Doce fôr realmente o ' 'Rheno brasileiro", consoante a prophecia dum sabio antigo.
Navega-se ainda cerca de uma hora e chega-se finalmente á celebre ilha do Imperador, visitada pelo saudoso monarcha em 1859.
A ilha tomou a denominação actual em commemoração á visita de Pedro II e agora, ao ser pisada por outro grande vulto da nossa patria, teve a toponymia accrescida.
Viajando no "Tamoyo" posto á disposição da comitiva pelo governo estadual, poude-se apreciar todo o curso médio do grande rio, entre Collatina e a historica cidade de Linhares. Na margem norte, logo após a barranca, surge a bella matta que começa ali, junto ás aguas vermelhas do grande caudal, e ninguem sabe onde termina... Estende-se por toda aquella vastidão desconhecida que constitue o norte do Espirito Santo e o sul da Bahia.
De Linhares, após a visita á velha e decahida cidade, vencendo as centenas de voltas do rio de Juparanã ou Rio Grande, chega-se ao grande lago - um verdadeiro aneurisma duma arteria fluvial - o rio São José.
Cada um dos excursionistas corre a vista por todos os quadrantes, admirando um recanto que mais lhe agrada.
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O Expresso do Rio Doce (Revista O Cruzeiro - 1945)
O Expresso do Rio Doce - Revista O Cruzeiro.
Matéria de Jean Manzon e David Nasser (1945).
O EXPRESSO do Rio Doce está de fogos acesos. Viaja todo o mundo. Passa por todas as vilas do mundo, faz de todo o mundo o seu percurso. Pedroso, o chefe do trem, acorda madrugada em Vitória do Espirito Santo, ao lado de Beatriz, sua primeira e verdadeira esposa; almoça em Colatina, à mesa de Joana, primeira e verdadeira esposa; e dorme em Governador Valadares, no leito de Maria de Lourdes, sua primeira e verdadeira esposa.
O chefe do trem expresso tem trés cidades, tres esposas e trés vidas.
— Amo essa rosada Beatriz — disse-nos ele, depois que o trem partiu com a intensidade de um menino que ama pela primeira vez, a alma, com a boca, com os olhos.
Já em meio do caminho, esqueço Beatriz e todo meu amor é de Joana, a pintadinha Joana, a que prepara meu almoço com as suas mãos frescas. Sim meu senhor, eu sou poeta e amo à noite Maria de Lourdes. principalmente quando Maria de Lourdes enrola as rnãos no pescoço e diz, com entusiasmo, que eu sou a sua vida".
Pedroso o chefe do trem do Rio Doce, é mais velho que os trilhos da Estrada de , Ferro Vitória-Minas. "—--Sou duro como a madeira dos dormentes, mas a chuva, depois o sol, a umidade e o peso insistindo, acabaram me apodrecendo, como apodrecem os dormentes de madeira de lei.
Voces querem saber minha Vida?
Toda minha vida, filhos, é uma viagem. As mesmas estações, os mesmos tipos, os mesmos dramas.
E' triste. E os meus passageiros de hoje são filhos e sobrinhos dos meus passageiros de ontem, no tragico, lento e trepidante Expresso do Rio Doce".
A Navegação do Rio Doce - Conde de Palma (02/03/1811)
Navegação do Rio Doce, colonização, divisão de terras e limites entre as Capitanias de Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia.
Notícias sobre os novos estabelecimentos do Rio Doce - Rio de Janeiro, 02 de março de 1811. Conde de Palma.
Podemos agora cumprir nossa promessa de dar conta final do resultado do exame que a Junta da Conquista e Civilização dos Índios e Navegação do Rio Doce mandou fazer do estado das seis divisões militares, em que repartiu o muito grande, rico e fértil terreno, por onde corre o Rio Doce, e outros Rios navegáveis, que nele despejam suas águas até ao limite das Capitanias de Minas Gerais e do Espírito Santo.
É pasmoso o número dos novos Colonos, que em tão pouco tempo têm concorrido para se estabelecerem nas 1ª. e 5ª. Divisões; e para que o Público forme alguma ideia das vantagens, que se devem esperar do sábio e luminoso Plano adotado para a Conquista e Civilização dos Índios, e Navegação do Rio Doce, transcreveremos um Ofício do Exmo. Conde Palma, atual Governador e Capitão General da Capitania de Minas Gerais, cujas luzes, exatidão, prudência e atividade, assim se patentearão durante o tempo que governou a Capitania de Goiás, e todos os dias se reconhecem no seu atual Governo.
Por último, sirva-se V. Exa. de perdoar as imperfeições que se possam encontrar neste meu trabalho feito à pressa, e que se destina unicamente a comunicar à V. Ex.. notícias importantíssimas, enquanto se não prepara a circunstanciada memória, que deve ser elevada por mão de V. Exa. às de S. A. R, dirigida pela Junta da Conquista e Civilização dos Índios, como acima disse.
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Siribeira Iate Clube (Guarapari - 1947)
O Siribeira Clube de Guarapari foi fundado em 1947 e possui esse nome devido a árvore Siriba, localizada nas pedras.
É uma sociedade civil sem fins lucrativos tendo por finalidade promover a prática de esportes náuticos e de outras naturezas, proporcionando aos associados uma convivência nas modalidades sociais, recreativas, esportivas, culturais, artísticas e nas reuniões de caráter cívico-social.
A área interna possui um salão onde ocorrem eventos. Em anexo funciona o Planet Sub, um aquário submarino.
Ata da solenidade do lançamento da pedra fundamental e início da construção da sede social do “Siribeira Clube”.
Aos dez (10 dias do mês de junho do ano de mil novecentos e cinquenta e um (1951), às dez, horas, nesta cidade de Guarapari, município do Estado do Espírito Santo, presentes o senhor doutor Hermes Curri Carneiro, Secretário da Agricultura, do Estado, por si e como representante do Exmº Sr. Governador do Estado, Jones Santos Neves, o doutor Meroveu Pereira Cardoso, Juiz de Direito da Comarca, o senhor Epaminondas Oswaldo de Almeida, Presidente da Câmara Municipal, membros da Diretoria do “Siribeira Clube” e grande número de sócios e pessoas gratas, realizou-se a solenidade do início da construção da sede definitiva do mencionado Clube, fundado, nesta cidade, em 18 de fevereiro de mil novecentos e quarenta e sete (1947), com finalidade náutica social e esportiva.
Carlos Bloomer Reeve, o Engenheiro Reeve (1897)
Assassinado pelo italiano Bagno Ferdinando.
1895 - Engenheiro Carlos Bloomer Reeve sócio solidário da firma Azevedo & Reeve C., concessionaria do contrato celebrado com o requerente para a construção do leito e obras de arte da segunda e terceira secções da estrada de ferro Sul do Espirito Santo, pedindo permissão para transferir o mesmo contracto à sociedade que acaba de constituir sob a firma Reeve & Sousa visto ter-se dissolvido aquela firma em consequencia de haver fallecido o socio engenheiro Augusto Alberto Guimarães de Azevedo.
Informa o engenheiro chefe da estrada de ferro.
Morte:
1897 - Sexta-feira, 28, nosso distincto coreligionario João da Matta Pinto Aleixo, manda resar na Cathedral deste bispado, Feias 7 1/2 horas da manhã, urna missa por alma do mal logrado moço dr. Carlos Bloomer Reeve.
Assassinado o engenheiro, em 09 de maio de 1897, em presumível assalto em que o dinheiro do pagamentos dos operários da obra foi roubado.
O corpo de Reeve está enterrado até hoje no cemitério de Matilde Velha, localizado atrás da Igreja do Santo Isidoro, construída em 1884.
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As Empresas de Navegação a Vapor do Espírito Santo (1850)
Companhia Espirito Santo e Campos;
Navegação de Itapemirim;
Empresa do Rio São Matheus;
Empresa de Navegação do Rio Doce;
Empresa de Itabapoana;
A província possue cincoenta acções desta companhia no valor da duzentos mil reis cada uma. Até agora porem não consta no Thesouro Provincial que lhe tivessem, sido remettidos os títulos. Informa o mesmo Thesouro que desde 1876 em que para ali entrou a quantia de quatrocentos mil réis, dividendo (as acções concernentes ao 1º semestre daquelle anno, e 2:000$000 que a Assembléa Geral dos accionistas resolveo pagar do fundo de reserva existente, na rasão de 40$000 por arção, nenhum devidendo mais tem sido remettido.
Tendo o Dr. Juiz de Direito da comarca de Santa Cruz trazido ao meu conhecimento as faltas de entrada, no porto da referida Villa dos vapores da companhia, em regresso da viagem de São Matheus, e ouvido a respeito o agente nesta capital, informou ser essa falta devida ao vapor Ceres vindo d'ali bastante carregado, e já em maré de quebra que não offerecia água suficiente na barra de Santa Cruz, o que havia acontecido algumas vazes.
Pedi ao Exmo. Sr. Ministro d'Agricultura, Commercio e Obras Publicas que resolvesse se procedião as rasões do agente para isentar a dita companhia da obrigação a que sujeitou-se pelo contracto celebrado com o Governo Imperial, e preveni ao agente que no attestado, que se lhe passasse pela Secretarja do Governo, se faria constar terem ou não passado de volta por Santa Cruz os referidos vapores.
Espírito Santo em Dimensão Nacional (Revista O Cruzeiro - 1968)
Espírito Santo em Dimensão Nacional.
Revista O Cruzeiro de 02/03/1968.
ABERTURA PARA O DESENVOLVIMENTO
Embora geograficamente situado no Leste, o Espirito Santo esta marginalizado do processo de desenvolvimento da regiäo e sem poder integrar-se no programa de expansäo
economica do Nordeste, com o qual se limita.
Recente diagnostico para o planejamento do Estado concluiu que o Espirito Santo, que näo pode ser classificado entre os Estados subdesenvolvidos do Brasil, se encontra em situacäo desvantajosa dentro de uma årea tida normalmente como desenvolvida.
Nao participou, suficientemente, do impulso dinamico do Centro-Sul.
Em outras palavras: o processo de desenvolvimento estaciona nas fronteiras do Espirito Santo.
Com essa realidade näo se conforma o governador Christiano Dias Lopes Filho, que é um homem que conhece o seu Estado e o offcio de governar.
Precisava, apenas, definir os termos de sua politica de rompimento das muralhas que cercam o Espirito Santo. E näo querendo resignar-se ao comodismo, empunha hoje a bandeira do progresso de sua terra.
É o proprio governador quem resume concisamente as dificuldades que cercam o seu Estado: a devastacäo de matas para a lavoura, especialmente a cafeeira, o enfraquecimento das terras, o regime de chuvas, a erradicacao dos cafezais, o drama da pecuaria.
E o confinamento da economia do Estado, como fator de agravamento de todos ésses problemas, a reclamar o interésse do Govérno Federal e do resto do Pais.
O CRUZEIRO, 2-3-1968
A GRANDE VITORIA
Aqui a civilizacäo chega aos arrancos ou muito cerimoniosamente.
Esta é uma capital magica que sintetiza todos os charmes e os torna mais cativantes,
na suavidade do sotaque e na beleza das
mulheres.
É um ponto tranquilo do planeta onde se levanta um dos maiores portos do mundo. Terras raras, onde se encontram as maiores concentracoes de fontes radioativas, na maior extensão de areias monazíticas do hemisfério ocidental.
Esta é a Grande Vitoria.
Aqui se encontram as forcas que alimentam e definem o Espirito Santo: a maior parte da sua populacao urbana, a dos trilhos da Estrada de Ferro Vitoria a Minas, o turismo, a pesca, o comércio e os armazéns de café, os navios que parecem passar pelas ruas em intimidade com os transeuntes täo pröximo estao canal as avenidas litoraneas a Universidade nascente as margens do braco de mar em Goiabeiras, os servicos do porto,
piramides de minério, de varias cores, vagoes em fila de 70 rumo ao cais de embarque na ponta do Tubarao.
E as muralhas vermelhas do velho porto de Cariacica.
Nesta estreita faixa de terra que os arranha-céus disputam a montanha e onde o mar vem em busca de seus antigos dominios, cobrindo o asfalto, ainda vivem os indios como no tempo capitanias e as ragas se misturam.
Nela sente-se o sabor dos antigos costumes e da conversa meticulosa, rica de pausas e de entonacoes, que ao viajante desacostumado chega a parecer exagero. Mas com a convivencia reaprende-se o valor dos longos, intensos dialogos capixabas.
Aqui nada se faz sem paciente explicacao. Como os gaturamos que povoam suas matas, os capixabas se escondem muito, e tem mil modos para escapar.
Inclusive ao cerco dos invasores que por aqui andaram e foram repelidos, como o mostram os painéis que ornam a secular igreja do Mosteiro da Penha, simbolo do Espirito Santo.
Porém, depois de aceitar a convivencia, é dificil encontrar outro brasileiro mais cheio de improvisaqöes para agradar a quem lhe merece a amizade.
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Governo Bernardino Monteiro (Revista Souza Cruz - 1919)
O surto de prosperidade que acaba de se verificar no pequeno Estado do Espirito Santo cuja receita orçamentaria oscillava, até bem pouco tempo, entre quatro e cinco mil contos e attingiu no ultimo anuo importante somma de dez mil contos, é um facto que merece alguns commentarjas e apreciações por parte de todos aquelles que acompanham a marcha evolutiva das menores unidades da federação cm regra deficientemente administradas. Para um homem que pela primeira vez assume o governo de um Estado é sobremodo honroso deixal-o, no fim do seu periodo governamental completamente folgado, com suas rendas duplicadas, seus compromissos diminuidos sensivelmente, suas estradas acrescidas e sua lavoura em plena prosperidade.
Dos serviços realisados durante a sua gestão devemos destacar as treze estradas de rodagem iniciadas, das quaes quatro já ultimadas e trafegadas por automóveis e as demais em execução. Entre as ultimadas sobreleva notar a ,de Cachoeiro de Sta. Leopoldina a Alfredo Maia, a obra mais productiva que se tem realisado até hoje naquelle Estado, por representar uma velha aspiração dos habitantes da zona mais rica que existe actualmente no Espirito San-to e que com esse melhoramento exporta todo o seu café com uma economia annnal de perto de trezentos contos.
A execução dessa estrada de automoveis, que para muitos parecia uma obra inexequivel deve-a o Sr. Bernardino á competencia profissional de seu digno auxiliar o engenheiro Henrique de Moraes.
Outro serviço de real valor para o Estado foi a emcampação do Banco Hypothecario do Estado do Espirito Santo. Esse banco que explorava todos os serviços publicos de Victoria, corno sejam o da luz, exgotos, agua, viação urbana, telephones, etc., tinha, pelo seu capital empregado, a garantia de juros de 5 por aflito do governo do Estado. Só as contas de juros subiam annualmente a perto de mil e quinhentos contos, desfalcando enormemente as rendas orçamenta-rias.
Pois bem, o Sr. Bernardino Monteiro conseguiu encampar esse Banco com todos os seus bens, inclusive grande numero de casas construirias na cidade de Victoria, uma im-portante usina de assucar com capacidade para produzir duzentos mil saccos annualmente, uma fabrica de tecidos, uma serra-ria a vapor, e outras fabricas ainda não concluidas em Cachoeira do Itapemirim, pela importancia de vinte e oito milhões de francos, dos quaes tres milhões já foram pagos e o restante sel-o-á num periodo de trinta annos.
Só essa operação trouxe uma econo ia para o Estado de trinta e tres milhões de francos, porquanto na occasião dessa operação o Estado era obrigado á garantia de juros de cinco por cento sobre a importancia de sessenta e um milhões de francos e despendia nesse serviço de juros, como acima dissemos, mil e quinhentos contos annualmente.
Além desses serviços que bastariam para attestar o valor de sua administração, não se descurou lambem de cuidar com o maximo interesse das verdadeiras fontes de renda do Estado, isto é, da lavoura cuja producção augmentou consideravelmente e animou a plantação do cacau nas margens do Rio Doce on-de já existem quatro centos e cincoenta mil pés desse producto, cuja exportação já co-meça a ser feita este anno.
A par de todos esses melhoramentos foram ainda cuidados os serviços de hygiene de Victoria e construido um estabelecimento de duchas annexo á Santa Casa de Misericordia, obra de ha muito reclamada numa cidade como a de Victoria. Tudo isso num curto espaço de quatro auneis, sem o menor alarde ou reclame e dentro das verbas orçamentarias, cousa que até hoje nenhum governo havia conseguido. Esta simples exposição de factos basta para recommendar o seu governo e para attrahir sobre a sua pessôa as sympatbias e a gratidão do povo espiritosantense.
O seu actual successor que sempre viveu inteiramente identificado com a sua norma de conducta e que ainda agora teve occasião de se verificar a solidariedade politica a dedicação, os esforços empregados junto aos altos poderes da Republica para resolver a questão suscitada sobre a legalidade do seu governo, 'filo deixará certamente de seguir o mesmo programma de governo que tantos beneficios trouxe para o Estado do Espirito Santo.
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Guia Turismo de A Gazeta (27/01/1993)
Suplemento de turismo do Jornal A Gazeta, Guia de Turismo de 27/01/1993.
A GAZETA
Vitória (ES), quarta-feira, 27 de janeiro de 1993.
Guarapari, a cidade do sol
Guarapari se confunde com o sol, se entretém com o mar e se completa com muita gente.
Gente daqui, gente de fora, que a ama e que dela faz rede para embalar o lazer.
Sua natureza é pródiga. São mais de 20 praias, muitas das quais ainda virgens ou pouco utilizadas.
Ano a ano, o Balneário cresce e faz jus à fama de cidade Balneária que disputa a preferência do turista brasileiro.
Apesar dos seus problemas, comuns a qualquer cidade brasileira, Guarapari se mantém inteira, favorecendo o Aconchego e temperando o lazer e a descontração. Por isso Guarapari é o destaque deste suplemento.
Guarapari, talhada de mar e de luz
Guarapari possui um dos mais lindos litorais do Espirito Santo, com 24 praias, algumas ainda agrestes, ela ficou famosa a partir dos anos 60, quando se descobriu que suas areias monaziticas possuern propriedades medicinais.
No centro de Guarapari. esta a praia rnais concorrida, pelas qualidades terapéuticas: a da Areia Preta.
A Praia do Meio, tambem conhecida como da Siribeira, fica entre a da Areia Preta e a das Castanheiras.
A praia das Castanheiras é uma das mais frequentadas do Centro. Seu calçadao mantém o vaivém constante de visitantes
bronzeados. Do lado esta a praia dos Namorados, concorrida em todos veroes.
Todas elas possuem muitos recortes e estao praticarnepte coladas uma as outras.
Zona Norte
Ao Norte do centro de Guarapari, esta a Praia do Morro, com mais de quatro quilometros de extensao. É uma das rnais movimentadas daquele balneario.
Ideal para quem gosta de badalacao, conta neste verao com trio elétrico e mantém a tradicao de diversos bares noturnos em toda a sua orla.
Seguindo a Rodovia do Sol em direcao a Vila Velha encontra-se as Tres Praias, excelente opcäo para se passar o dia fazendo churrasco ou piquenique.
O local é um dos mais belos de Guarapari com gramado e coqueiros.
O acesso é por estrada de chäo.
A cerca de 8 quilometros do Centro. esta o lugarejo chamado Perocao, tipico de pescadores.
Pouco além esta a praia de Santa Mönica, de aguas mais escuras e tranquilas. E uma otima opcäo para os mergulhos de criancas e para se fazer caminhadas.
Zona Sul
No sentido Sul estäo as praias do Riacho, de mar agitado e aguas claras, Proximo dali, voce encontra um pequeno e belo recanto chamado de Pelotas.
Com acesso pela Rodovia do Sol, esta a Enseada Azul, formada por tres praias: Bacutia, Guabira e Mucuman, todas de aguas cristalinas.
Seguindo a Rodovia do Sol, voce tem a opcao de conhecer a Praia dos Pradres e, além, um dos maiores charmes consagrados de Guarapari: a praia de Meaipe.
José de Anchieta e a primeira gramática Tupi (1595)
José de Anchieta escreveu a primeira gramática tupi - Revista Manchete, 1978.
"Abaré-bêbê" cumpriu a missão com a ' rapidez habitual e voltou da Bailia a 24 de dezembro de 1553, trazendo os Padres Afonso Brás e Vicente Rodrigues e dois irmãos, José de Anchieta e Gregório Senão, que tinham vindo de Portugal doentes, à procura de melhor clima.
Os dois eram muito versados em língua latina e Nóbrega desde logo resolveu valer-se de suas aptidões lingüísticas, não só no ensino desse idioma, mas ainda para que estudassem o idioma dos índios, a fim de servirem de intérpretes.
Anchieta se empenharia tão a fundo nesse mister que, em breve, era o principal "língua", como então se dizia. "Língua" era na época a ex-pressão correspondente a "intérprete". João Ramalho, como "língua" fora de grande utilidade nas conversações que antecederam a fundação de Piratininga. Mas não podia deslocar-se do meio em que vivia para atuar em lugares distantes. Anchieta preparou-se para isso e, tão bem, que não só escreveu uma Arte de Gramática da Língua Usada na Costa do Brasil, como ainda escreveu outros para serem representados com a participação de índios converti-dos, em língua tupi.
A gramática de Anchieta foi publicada em Coimbra em 1595, dois anos antes de sua morte. Com seu ardor de catequista, Anchieta procurava converter quantos índios conhecesse e se empenhava principalmente em cristianizar seus chefes. Teria sido ele o autor da conversão do cacique Tibiriçá, batizado com o nome de Martim Afonso Tibiriçá, em honra do fundador da Capitania de São Vicente. Quando morreu o velho cacique, a 25 de dezembro de 1562, Anchieta ficou contristado.
E escreveu, então, numa carta, datada de 10 de abril de 1563: "Morreu o nosso principal, grande amigo e protetor, Martim Afonso." Convertera, também, o guerreiro Ararigbóia, que recebeu o mesmo nome ao ser batizado. Ainda que José de Anchieta houvesse chegado ao arraial de Piratininga depois de terem sido construídas as suas primeiras habitações, é considerado um de seus fundadores, pois participou de seu período inicial, ali já estando a 25 de janeiro de 1554, data da conversão de São Paulo, que iria dar nome à. aldeia.
Nesse dia, foi rezada missa, que Anchieta, numa carta, disse ter sido a primeira.
Entretanto o Padre Serafim Leite diz que certamente o Padre Nóbrega celebrara missa antes, a 29 de agosto de 1553, quando reunira na aldeia cerca de 50 catecúmenos, ou índios convertidos. A carta em que Nóbrega faz esse registro é chamada pelo Padre Serafim Leite "a certidão de idade de São Paulo de Piratininga" Anchieta não era ainda padre quando foi com Nóbrega a Iperoig em missão de paz junto aos índios tamoios, cuja ajuda se fazia necessária à expulsão dos franceses da baía de Guanabara.
Para melhor convencer os índios, Anchieta fica entre eles, como refém, e nesse período escreve nas areias da praia as estrofes de um poema latino, que vai memorizando, De Beata Virgine Dei Matre Maria com quase seis mil versos, o poema terminava com esta dedicatória: "Eis, Mãe Santíssima, o cármen que oferecem teu louvor, vendo-me cercado de inimigos, quando, com a minha presença, tranqüilizava os tamoios irritados e, desarmado, ajustava pazes com bárbaros armados. Então, tua bondade teve, com amor materno, cuidado de mim, e à sombra do teu amparo vivi seguro em corpo e alma."
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O Aterro de Bento Ferreira (1950)
As obras do aterro de Bento Ferreira e a remodelação das Avenidas Vitória e Cezar Hilal - anos 1950.
À direita o Morro de Bento Ferreira, ao centro a Ilha dos Papagaios e à esquerda o Morro da Praia do Suá, atrás o Convento da Penha e Morro do Moreno.
Fotos: Mazzei.
Esta região começou a perder parte de suas características originais a partir da década de 1950, mais precisamente durante o governo de Jones dos Santos Neves (1951-1954), quando foi iniciado o aterro do manguezal de Bento Ferreira com terras extraídas dos próprios montes
então existentes nessa área. Esse aterro deu passagem à Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, mais conhecida como Avenida Beira-Mar, a qual impulsionou o crescimento econômico e populacional da região do Suá. No entanto, apenas a primeira parte deste aterro foi concluída no final de década de 1950, durante o governo Carlos Lindenberg (MATTEDI, 2002:21).
Foi o segundo aterro que, de fato, completou a transformação física da região da Praia do Suá, dando-lhe a condição de terra contínua em direção ao Centro da Cidade. O impacto dessa obra para a capital foi bastante expressivo, já sendo, inclusive, esperado antes mesmo de sua conclusão:
Ainda na década de 1970, a expectativa em relação a essa área, correspondente atualmente ao bairro Enseada do Suá, era de que servisse como centro comercial abastecedor para a Praia do Canto, Santa Lúcia e Barro Vermelho, que por sua vez continuariam como bairros de uso
exclusivamente residencial, ao passo que as áreas de Ilha de Santa Maria e Bento Ferreira caracterizar-se-iam como setores administrativos, na condição de territórios expandidos a partir do centro tradicional da cidade (MENDONÇA et al., 2009:101).
Como pode ser verificado em outros pontos deste trabalho, parte de tais previsões de planejamento não se
confirmaram nas décadas posteriores e o uso ou função de alguns desses bairros modificou-se com o passar dos anos.
De RAFAEL GONRING.
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Relíquias de Anchieta (O Cruzeiro, 1951)
SEGREDOS E REVELAÇÕES DA HISTÓRIA DO BRASIL
AS RELIQUIAS DE ANCHIETA
ANCHIETA entre os tamoios, em Iperoig, segundo o pincel de Rafael Falco.
O Apóstolo do Brasil e sua morte - O entêrro em Vitória - Seus ossos distribuídos entre Espírito Santo, Bahia e Roma - A sua beatificação.
FOI o Padre Joseph de Anchieta o vulto mais popular entre as figuras principais da cristianização do Brasil. Pode-se colocá-lo a par do Padre Manoel da Nóbrega, imortal pelos mais valiosos títulos. Disse Azevedo Amaral que, "no desempenho do papel histórico, que o destino lhe preparara, Anchieta sobrepuja todos os outros protagonistas dêsse drama de incalculável alcance nos destinos do Brasil, por uma extraordinária combinação da fôrça propulsora do idealismo místico e de notáveis aptidões práticas e executivas".
Tinta e quatro anos após o descobrimento da Terra de Santa Cruz por Pedro !vares Cabral, nascia o apóstolo na nivaria insula, Tenerife, pérola das Canárias de onde sairia para estudar em Portugal. Queriam os fados que um dos da alma brasileira participasse das duas extraordinárias nações peninsulares, duma pelo sangue, doutra pela formação espiritual.
Que fim levaram as relíquias dêsse venerável catequista, que faleceu em vuor de santidade na terra brasileira a que dera tôda a sua existência e todo seu amor ? Guardadas algumas no Colégio da Bahia, em 1611, por determinação do Geral dos Jesuítas, Cláudio Aquaviva, ao pé do altar-mor, eram eneradas pelos devotos da cidade do Salvador e pelos romeiros que vinham de longes terras.
Conta o Padre Simão de Vasconcelos, na sua "Vida do venerável Padre Joseph de Anchieta", que, sendo tal culto vedado por um breve do Papa Urbano VIII, por não ser o morto canonizado e nem sequer ainda beatificado, dali foram removidas no ano de 1625.
Uma delas fôra, então, enviada a Roma. Em uma comunicação ao Instituto Histórico da Bahia, em 1914, Xavier Marques afirmou que, a 12 de abril de 1760, as reliquias de Anchieta existentes no Colégio dos Jesuítas do Salvador, retiradas altar-mor da igreja anteriormente, haviam sido remetidas, em virtude da expulsão dos inacianos, pelo Chanceler Tomás Roby ao Rei D. José I, em Lisboa.
Constavam de tíbias e perôneos, mais duas túnicas, em um cofre Jacarandá ornamentado ou forrado de prata. Como se vê, o poderoso Ministro, que abolira a Companhia de Jesus no Reino e suas conquistas, Sebastiao José de Carvalho, Marquês de Pombal, não quisera sequer deixar no sossego do túmulo os ossos dos que tinham cristianizado o Brasil.
Sabe-se mais que as relíquias de Anchieta tinham sido divididas, após sua morte, entre a Bahia e o Espírito Santo. Em 1855, os sócios do Instituto Historico e Geográfico Brasileiro Pereira Pinto e Joaquim Norberto propunham que a douta assembléia se dirigisse ao Govêrno Imperial, solicitando a entrega dum "Fragmento dos despojos mortais do missionário Anchieta, conservado em uma caixa com lavor de prata", no Tesouro Público da Côrte ou da Província espiritossantense, pois se não sabia bem onde se encontrava o precioso despojo.
Teixeira de Melo, comentando êsse pedido, dizia com profunda tristeza que, na antiga igreja dos Jesuítas da capital do Espírito Santo se achava vazia sob a sua lousa fúnebre a sepultura de José de Anchieta, visto como dos seus "restos mortais alguns Presidentes de Província, com mais cortezania para com os vivos do que veneração para com os mortos, tem lançado mão para obsequiar a amigos ou a altas personagens, que visitaram a igreja em que êles jaziam". Todavia, ainda em 1876, na sacristia da antiga igreja dos Jesuítas, em Vitória, havia duas caixas de prata, contendo uma delas um fragmento da canela do grande apóstolo.
A isso acrescenta Celso Vieira o seguinte: "as relíquias do Santo espalharam-se pelas capitanias do Brasil, onde se alardeava o seu poder curativo, as norte a sul, havendo sempre uma na sacristia de cada templo dos Jesuítas, que benziam com ela os vasos de água para os enfermos".
Essa dispersão fêz com que se perdessem tão preciosos despojos. A veneracao que os cercou em tempos idos testemunha a santidade que o povo brasileiro atribuía ao apóstolo canarino. Embora date de mais de dois séculos a sua beatificação, ainda Roma não o canonizou.
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Diante do Túmulo do Apóstolo Anchieta (Revista O Cruzeiro, 1951).
FOTO da cidade de Anchieta, feita de avião. Ao centro, destaca-se a igreja onde o sacerdote viveu e morreu, no serviço do Brasil.
ROTEIRO DE ANCHIETA - III
DIANTE DO TÚMULO DO APOSTOLO
"Vou morrer no Espírito Santo' , profetizou o missionario — E, de fato, morreu na aldeia capixaba de Reritiba, em 1597 — Ainda hoje o visitante pode entrar na cela onde o taumaturgo expirou, sentar na sua cadeiRa e tocar um fragmento de osso de sua tíbia.
Texto de ARLINDO SILVA
Fotos de ROBERTO MAIA
VITORIA (Espirito Santo) .
Anchieta permaneceu em São Vicente até 1578, quando foi levado para a Bahia, pelo Provincial Padre Inacio de Tolosa.
Mal chegando, comecou a surpreender a todos com os seus dons extraordinarios.
Logo ao desembarcar, entre outros
religiosos que o foram receber, havia um irmao, que nunca tinha visto Anchieta.
Baseado apenas na aparencia exterior do missionario, vendo suas roupas rasgadas, seu aspecto humilde, quebrado de costas - pensou de si para si que deveria ser um hospde inutil.
E disse consigo: — "A que vem agora este aqui?" Todovia, ao abracar Anchieta, o irmao ouviu deste as seguintes palavras: - A que
venho eu? Sou um homem inutil e de nenhum
proveito". Ficou desecncertado o irmao, confessou seu juizo apressado e viu que tinho diante de si um homem ungido de Deus.
Na Bahia, distribuiu Anchieta gracas muitos fiéis. Era grande a sua caridade para com os enfermos. Visitava-os e consolava-os.
De uma feita, o irmao cozinheiro do Colégio caiu de cama.
Anchieta perguntou o que ele queria comer. Respondeu que um pedaco de lacão (pernil de porco). Na cozinha porém, näo havia lacão. Então Anchieta foi pessoalmente buscar o alimento, e vendo que nao o havia apanhou um de peixe assado, que se transformou, em suas maos, em lacão.
Outro doente, bebendo de um vinho, achou-o demasiado áspero. Perguntou-lhe Anchieta porque o recusava. Ante a resposta do enfermo, o padre tomou do copo, provou o vinho e disse: - "Tomai-o, que é bom". Tornou o doente a beber o vinho que se tornara e doce.