O Poder do Narcisismo

1 year ago
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O narcisismo é um dos termos mais mal compreendidos de nosso tempo. Estamos tão cientes do narcisista ruim, aquele cujo orgulho excessivo não deixa espaço para empatia ou gentileza, que corremos o risco de perder o papel central que o narcisismo deve desempenhar no desenvolvimento de qualquer ser humano saudável. Nenhum de nós é capaz de prosperar sem ter a oportunidade de gostar profundamente de nós mesmos. A psicoterapia reconhece que universalmente necessitamos de uma dose do que é chamado de narcisismo saudável, um senso de nossa amabilidade e lugar legítimo no mundo, legado a nós através da aprovação de cuidadores amáveis e entusiasmados em nossos primeiros anos. Na pressa de condenar o egoísmo e o orgulho, deixamos de perceber a importância primordial da autoestima e da confiança gerada pelo amor. Se analisarmos sua situação a partir de um ponto de vista clínico, o narciso mitológico não ficou obcecado por seu reflexo excluindo os outros porque se amava demais. De maneira muito mais comovente, ele o fez porque alguma forma de privação precoce deve tê-lo levado a verificar maniacamente a si mesmo. Em uma busca condenada por um valor em que claramente não podia acreditar. Sem aprovação adequada, desenvolvemos o que é conhecido como ferida narcisista, um sentimento de profunda inadequação em relação a elementos como nossa aparência, nosso status ou nossa inteligência. Como pessoas feridas, seremos então atraídos, apesar de nós mesmos, para cenários que cutucam nossos defeitos percebidos. Estaremos atentos a cada crítica sobre nós, escolheremos parceiros que não podem nos tranquilizar e anteciparemos e, assim, frequentemente precipitaremos o fim de tudo o que é positivo ou gentil. Ouvimos falar demais sobre um personagem que se torna malvado e egoísta porque pensa muito bem de si mesmo. A realidade é muito mais complexa e triste. Todos precisam ser adorados e sofrerão imensamente se não forem. Devemos nos esforçar para nos tornarmos mais conscientes de nossas feridas narcisistas e tentar aliviá-las através de doses intensas do mesmo tipo de amor cuja ausência original as criou. Como precisamos nos lembrar, ninguém nunca ficou doente por receber muito amor.

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