Viagem de Dom Pedro II ao Espírito Santo (1860)

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CONVENTO DA PENHA — VILA VELHA DO ESPIRITO SANTO

Elevado audaciosamente no cume de um rochedo, a 145 metros de altitude, exposto à fúria dos raios e à violência eólia, em seus quatro séculos de existencia, o Convento da Penha tem sofrido avarias e passado por reformas conseqüentes, por transformações e mesmo por algumas transfigurações arquitetonicas.
Dai ressaltarem, em importáncia para a história, os apontamentos de Dom Pedro II sôbre a sua visita àquele convento.

Eles completam, em alguns pontos, o mais extenso documentario da época, escrito pelo ex-Presidente da Província, Coronel Jose Joaquim Machado de Oliveira, e publicado na Revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro. Naquele tempo. a viagem de Vitória era feita em barco e existia, ao lado do portão de entrada do convento, um antigo barracão servindo de cais.

O guardião do convento, Frei João Nepomuceno Valadares, providenciou a melhoria desse cais, mandando construir urna ponte de madeira para o desembarque de Suas Majestades e fez levantar um arco, espécie de pavilhão com figuras alegóricas, no comêço da ladeira, para ser iluminado a noite. Fez mais: decorou o convento e preparou assentos especiais destinados aos augustos visitantes.

Naquela manhã de sábado, 28 de janeiro, às 6 horas, dava-se o embarque de Suas Majestades, em Vitória, acompanhados dos seus semanários, do Presidente Veloso e do secretário Dr. Brandão.
Conduziu-os o vapor Pirajá. o qual atravessou a ala das embarcações embandeiradas, no porto, de rujas tripulações e ocupantes se ergueram vivas.
Formou-se um cortejo de barcos atrás do "Pirajá" que, em menos de uma hora, chegava à Vila do Espirito Santo.

"No desembarque" — escreveu o correspondente do Jornal do Comercio - "foi S.M. recebido pela Camara Municipal, pelos oficiais da Guarda Nacional de Artilharia que se achavam em grande uniforme, subdelegado, juiz de paz. professor, e por muitos cidadãos, bem como por um grupo de meninas trajando branco, e que eram guiadas por um caricato de selvagem de nossas matas.
"A Vila do Espirito Santo estava em bulicio e movimento: havia saído do estado de quietismo e paz que lhe é habitual».
E prossegue: "Além de algumas pessoas que acompanharam o vapor, outras já esperavam a S.M. para subirem com êle a fatigante ladeira que precede ao Convento.

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