O CAÇADOR DE TSUNAMIS
O Caçador de Tsunamis
Poema de Alex R. Brondani
Uma tsunami. A vida é uma onda que nos levanta,
uma massa de água gigante que atinge o céu de cada um,
levando a tudo e a todos adelante.
Depois que ela passa, que se arranje a humanidade.
A insanidade da sua força é a sua beleza,
mesmo que trágica, mesmo que avassaladora.
A vida é uma onda que arrebenta na praia da alma,
que trucida e esmaga sonhos de roldão
como um moedor de carne americano.
Eu vivo em meio a uma ilha assolada de tsunamis.
Sei a hora e o dia em que elas chegam,
mas nunca consigo me prevenir de sua força.
Me perco e sempre bebo do sal das águas de um mar carregado e agitado,
e assim, incorporo a sua áurea.
Navego em águas agitadas
desde o dia em que me desvencilhei do meu velho corpo,
e agora, como um louco eu me vejo,
contemplando o precipício verdazul
com os meus olhos de demência e insanidade.
Eu já não tenho a mocidade do meu lado.
Minha cidade não me reconhece mais,
e eu sou um barco sem timão
a navegar por mares nunca dantes navegados.
Eu sou um colecionador de tsunamis,
um cruzador de alto bordo em solo imprevisível e abarbarado,
perdido em meio a um mar aberto de tormentas e furacões.
Eu quero surfar na crista da onda mais alta
e arrebentar na praia paradisíaca do meu sonho,
pois só assim eu poderei render-me a ti.
Eu sou um caçador de tsunamis.
Produção: Poesia Falada
Interpretação: Alex R. Brondani.
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O Caçador
O Caçador :
Poema de Alex R. Brondani
Um caçador.
Assim eu me senti naquela noite sem luar,
de estranhos relâmpagos e de louca e insana tempestade.
Um caçador à espreita da sua presa aniquilada,
perfumada pelo sereno da noite e pelo sangue visitante em cada mês.
Indiferente a tez de tuas dores eu te suguei,
indiferente aos seus problemas cotidianos,
da tua alma de menina atroz,
ou do olhar que esconde mares de malícias e de enganos,
enredada aos olhos desatentos do desejo.
Indiferente e insensível, caçador.
Foi assim que eu te tomei naquela noite sem luar.
Tu eras uma gazela a saltitar;
Inebriante gazela com aromas de defloração.
A tua aprovação eu não colhi,
me atirei em ti com todo o ódio do meu membro,
faminto pelo cheiro ocre e pelo rímel do teu rosto,
pelo azedo do teu ventre,
e pelo aroma inebriante do teu mais íntimo e intimidante gosto.
Com o dedo direito eu te toquei - profundo toque - e te mordi.
Tu eras um colibri preso em minha teia,
e sem pedir licença eu invadi o teu corpo esguio,
arredio mas rijo e teso,
preso em meu tesão.
Meu coração saltou à boca na minha boca,
mas não parei mais de te amar.
A noite abafou o teu gritar,
e nada e nem ninguém veio ao teu socorro.
Sobre o teu corpo esbelto eu abati o meu desejo,
despejei meu sumo imenso e escorrí numa cascata de fluídos.
Tu fostes apenas um vaso esquecido de fina porcelana japonesa.
Bela, mas sem beleza;
Pura, mas impura em sua inocência;
Amada, mas pelo desejo despojada.
O teu gozo foi tão intenso quanto o meu, mas mais intenso.
Foi perfumado - impuro gozo - descarnado e desproposital.
Experimental.
Eu te trato sem rumores e pudores,
sem poemas e romances, e tu me queres mesmo assim.
Tu lambes o sal da minha pele e bebes do sêmen derramado que há em mim.
Eu te possuo em cada lado do teu corpo,
e em cada espaço inventado na busca do prazer.
Não temos limites neste entardecer;
Tu gostas de viver intensamente,
e eu sou a própria vida em propulsão.
Nós somos um vulcão por explodir,
à expelir todas as formas desse amor.
Tu és a presa. Eu sou o caçador.
Produção: Poesia Falada
Voz e declamação: Alex R. Brondani
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A CANÇÃO DA MADRUGADA
A CANÇÃO DA MADRUGADA
Poema e interpretação de Alex R. Brondani
Desperto.
Sinto a tua falta em minha cama
mesmo que nunca tenha estado nela;
Eu sinto o seu cheiro, o perfume,
a seda dos teus cabelos negros argentinos.
Eu imagino a tua risada,
chego a ouvi-la em meus ouvidos,
E o teu sorriso aquece a minha alma;
Eu posso sentir o toque dos teus dedos,
a maciez de sua pele missioneira
e calor do teu corpo quente junto ao meu.
Mas eu espero o nosso tempo.
Cada dia de minha nova vida
se alimenta de tua lembrança não vivida
numa presença sentida e desejada.
Na estrada que conduz o meu destino
eu só vislumbro o teu sorriso.
Eu sou uma estrela rotatória
que caminha para dentro de seu eixo,
e tu estás na transição deste caminho.
Mas qual o nosso destino?
Diz-me, enfim, mulher amada:
eu posso amar-te?
Sozinho em minha cama
eu sinto a falta do beijo que eu nunca tive
e dos lábios vermelhos que nunca toquei.
Eu espero o nosso tempo florescer. Tu estás distante
e somente os grilos ouvem a minha canção da madrugada.
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