Discernimento dos capítulos 7, 8 e 9 do livro de números da bíblia. VÍDEO 03.

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Discernimento dos Capítulos 7, 8 e 9 de Números
Estes capítulos apresentam uma sequência de eventos e instruções que solidificam a estrutura religiosa e organizacional de Israel no deserto, logo após a ereção e consagração do Tabernáculo. Eles destacam a importância da adoração, da dedicação e da ordem no relacionamento com Deus.
Capítulo 7: As Ofertas dos Líderes
Este capítulo é uma descrição detalhada e repetitiva das ofertas que os líderes de cada uma das doze tribos de Israel trouxeram para a dedicação do Tabernáculo. A narrativa minuciosa pode parecer cansativa à primeira vista, mas sua repetição tem um propósito profundo:
• Generosidade e Devoção: Mostra a voluntariedade e a generosidade dos líderes em honrar a Deus com seus bens. Cada tribo trouxe exatamente as mesmas ofertas, simbolizando a unidade e a igualdade perante Deus, apesar de suas distinções tribais.
• Significado das Ofertas: As ofertas incluíam carros e bois para o transporte dos utensílios do Tabernáculo pelos levitas (distribuídos de acordo com suas responsabilidades), além de utensílios de ouro e prata e sacrifícios de animais. Isso reflete a dedicação de recursos materiais e a vida animal para a adoração.
• Deus Habitando no Meio do Povo: A conclusão do capítulo (versículo 89) é significativa: "E, quando Moisés entrava na tenda da congregação para falar com ele, então ouvia a voz que lhe falava de cima do propiciatório, que estava sobre a arca do testemunho, entre os dois querubins; assim1 ele falava com ele." Isso reitera a presença de Deus no meio do seu povo e a possibilidade de comunicação direta através de Moisés.
• Ordem e Organização: Mesmo nas ofertas, há uma ordem clara. Cada tribo apresenta sua oferta em um dia específico, reforçando a importância da organização e da disciplina.
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Capítulo 8: A Purificação dos Levitas e a Iluminação do Candelabro
Este capítulo aborda dois temas centrais: a iluminação do candelabro e a consagração dos levitas para o serviço no Tabernáculo.
• Iluminação do Candelabro (Menorá): A instrução a Arão sobre como acender as lâmpadas do candelabro é mais do que uma mera diretriz prática. O candelabro, ou Menorá, representava a luz de Deus e sua presença constante no meio do povo. A forma como as lâmpadas deveriam ser acesas, voltadas para a frente, sugeria que a luz de Deus deveria irradiar para o povo. A iluminação era uma tarefa diária, simbolizando a necessidade contínua da presença e orientação divinas.
• Consagração dos Levitas:
o Substitutos dos Primogênitos: Os levitas foram escolhidos por Deus para substituir os primogênitos de Israel no serviço do Tabernáculo. Isso se baseia na libertação dos primogênitos durante a Páscoa no Egito, onde Deus os reivindicou para si.
o Purificação e Dedicação: A cerimônia de purificação dos levitas é elaborada, incluindo a aspersão de água da purificação, o ato de raspar todo o corpo e lavar suas vestes. Isso os preparava para o serviço santo.
o Imposição de Mãos: Os levitas deveriam apresentar-se diante da tenda da congregação, e os filhos de Israel, representados pelos anciãos, impunham as mãos sobre eles. Isso simbolizava a transferência do encargo do povo para os levitas e o reconhecimento de sua separação para o serviço de Deus.
o Dedicados ao Serviço: Os levitas tinham idades específicas para iniciar e cessar seu serviço (25 a 50 anos), demonstrando a importância de estar fisicamente apto para as tarefas e o reconhecimento de que o serviço é para toda a vida, mas adaptado às capacidades. Seu trabalho envolvia o cuidado e transporte do Tabernáculo e seus utensílios.
• Princípios da Dedicação: Este capítulo enfatiza a necessidade de pureza, dedicação e obediência para aqueles que servem a Deus. A substituição dos primogênitos pelos levitas também ressalta a soberania de Deus em escolher e separar pessoas para o seu serviço.
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Capítulo 9: A Celebração da Páscoa e a Nuvem no Tabernáculo
Este capítulo aborda dois tópicos distintos, mas interligados pela temática da obediência e da presença divina: a celebração da segunda Páscoa e a orientação pela nuvem.
• A Segunda Páscoa:
o Obediência à Lei: Deus instrui Israel a celebrar a Páscoa no tempo devido (o primeiro mês do segundo ano após a saída do Egito), demonstrando a importância de cumprir os mandamentos divinos.
o Exceções e Misericórdia: Surge uma questão crucial: o que fazer com aqueles que estavam impuros ou em viagem e não puderam celebrar a Páscoa no tempo devido? Deus, em sua misericórdia, estabelece uma provisão para que eles possam celebrar uma "segunda Páscoa" no segundo mês. Isso revela a compaixão de Deus e o desejo de que ninguém seja excluído de suas celebrações por circunstâncias imprevistas, desde que haja um coração disposto a obedecer.
o Estrangeiros: A lei da Páscoa se estende também aos estrangeiros que habitam no meio de Israel, mostrando que os preceitos de Deus são para todos os que desejam se submeter a Ele, independentemente de sua origem.
• A Nuvem no Tabernáculo como Guia Divina:
o Presença Visível de Deus: A nuvem (coluna de nuvem de dia e coluna de fogo à noite) que cobria o Tabernáculo era a manifestação visível da presença de Deus e seu guia constante.
o Obediência Irrestrita: A instrução é clara: quando a nuvem se levantava, Israel se movia; quando ela repousava, eles acampavam. Não havia questionamento ou deliberação humana. A vida de Israel no deserto era totalmente dependente da direção divina, demonstrando a necessidade de uma obediência cega e confiante à vontade de Deus.
o Paciência e Confiança: A nuvem podia permanecer sobre o Tabernáculo por dias, semanas ou até um ano. Isso ensinava o povo a paciência e a confiar no tempo de Deus, mesmo quando a espera era longa. A jornada não era ditada por suas próprias vontades ou conveniências, mas pelo comando divino.
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Temas Abrangentes
Estes três capítulos de Números ilustram alguns temas teológicos cruciais:
• A Santidade de Deus e a Necessidade de Purificação: O Tabernáculo e o serviço levítico enfatizam que Deus é santo e requer pureza daqueles que se aproximam Dele e o servem.
• A Ordem e a Organização Divina: Desde as ofertas dos líderes até a disposição dos levitas e a movimentação da nuvem, Deus estabelece uma ordem meticulosa para seu povo. Isso reflete seu caráter organizado e a importância da disciplina na vida de fé.
• A Presença Contínua de Deus: A nuvem, o candelabro e a voz que fala do propiciatório são evidências da presença constante e ativa de Deus no meio de seu povo, guiando-o, protegendo-o e comunicando-se com ele.
• Obediência como Fundamento da Fé: A Páscoa, a consagração dos levitas e a dependência da nuvem ressaltam a obediência incondicional como a base do relacionamento de Israel com Deus.
• Misericórdia Divina: A provisão para a segunda Páscoa demonstra a compaixão de Deus para com as limitações humanas, sem comprometer a santidade de seus mandamentos.
Em suma, os capítulos 7, 8 e 9 de Números pintam um quadro vívido de uma nação que está sendo moldada e instruída por Deus, aprendendo a viver em Sua presença, a servi-Lo com dedicação e a depender inteiramente de Sua orientação para cada passo de sua jornada no deserto. Eles estabelecem as bases para a vida comunitária e religiosa de Israel, preparando-os para o que viria a seguir.

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