O fruto do Vaticano II depois de 60 anos: a transformação da Igreja Católica em uma pseudo-Igreja da Nova Era /9.ª parte/

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¿Que reforma da formação sacerdotal é necessária após o Concílio Vaticano II?

O sistema da teologia histórico-crítica (doravante THC) se impôs nas escolas teológicas após o Concílio Vaticano II. Esse sistema não conduz a uma relação pessoal com Cristo, não enfatiza a condição para a salvação, que é o arrependimento, e sequer a salvação da alma imortal. A THC coloca em dúvida todas as verdades da Palavra de Deus. Por trás desse sistema está o espírito da mentira e da morte.
Ao estudante formado segundo o método histórico-crítico e o espírito do Vaticano II foi roubada a fé viva e a relação pessoal com Cristo. Tornou-se espiritualmente cego, incapaz de se arrepender e de ter uma relação com Jesus como seu Salvador. De fato, essa pessoa torna-se um apóstolo do Anticristo. Considera o Evangelho um amontoado de diversos gêneros literários ou até mesmo mitos. A tragédia é que, após o Concílio Vaticano II, esse ensinamento herético tornou-se requisito para a ordenação sacerdotal. Durante 60 anos, gerações inteiras de sacerdotes, incluindo os atuais bispos, foram formados com esse espírito de heresia. O veneno espiritual circula em suas veias. Por isso, são incapazes de se opor à apostasia interna na Igreja Católica.
A THC não se preocupa com a salvação das almas, mas busca supostas incoerências com o objetivo de questionar toda a Sagrada Escritura e o caminho da salvação. A um sacerdote que é homem de oração e que busca, acima de tudo, a salvação de sua alma, Deus mostrará, no tempo oportuno, o significado até mesmo daqueles supostos “lugares obscuros” das Sagradas Escrituras, para seu próprio bem e o bem dos outros.
É preciso saber que existe o conhecimento humano e o conhecimento que Deus concede por graça. O sacerdote o adquire na oração interior e na observância dos mandamentos de Deus, que então se tornam para ele um jugo suave e um fardo leve. Na oração, ele recebe a luz de Deus, e as Escrituras se abrem diante dele como um profundo poço de águas vivas que jorram para a vida eterna.
A Palavra de Deus apresenta o apóstolo São Paulo como exemplo a ser seguido por sacerdotes e bispos. Para ele, Cristo crucificado era o centro de sua vida. Ele mesmo diz: “Fui crucificado com Cristo; e já não sou eu quem vive, mas é Cristo que vive em mim! Porque, para mim, o viver é Cristo e o morrer é lucro”. A sabedoria humana, que está sem Cristo, é considerada por São Paulo como esterco e lixo. Os futuros sacerdotes também devem ser verdadeiros salvadores de almas que anunciem o Evangelho de Cristo. Devem resgatar as almas do caminho largo que conduz à perdição. Por isso, devem resistir ao espírito do mundo, por trás do qual está o príncipe deste mundo.
Qual deveria ser a formação adequada para o sacerdócio? Já durante os estudos no seminário, devem ser criadas as condições para que o futuro sacerdote adquira uma doutrina sólida e, ao mesmo tempo, desenvolva o hábito da oração interior. Os santos apontam dois pilares espirituais. O primeiro é a contemplação da morte, do juízo de Deus e da eternidade. O segundo é a contemplação do sofrimento de Cristo na cruz. Não é apenas a contemplação que nos conduz a este centro da nossa salvação, mas também a união interior com Cristo crucificado por meio de Suas sete últimas palavras. A seguir, apresentamos duas formas dessa oração interior.
Na primeira forma de oração, os vinte minutos são divididos em seções de cinco minutos. Durante os primeiros cinco minutos, lê-se uma reflexão sobre a palavra dada. Em seguida, nos cinco minutos seguintes, ficamos de joelhos e repetimos uma breve oração meditativa. Durante esse tempo, procuramos estar conscientes da verdade contemplada. Como exemplo, pode-se citar a seguinte frase: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Nos cinco minutos seguintes, passamos da meditação à comunicação pessoal com Deus, onde todos dizem juntos: “Pai”, e um acrescenta: “perdoa as minhas ofensas”. Permanecemos ajoelhados com as mãos em forma de cruz. Durante os últimos cinco minutos, ficamos em pé, com as mãos levantadas, e invocamos lenta e silenciosamente: “Abba” (Pai). Ao mesmo tempo, cada um toma consciência: Deus me vê, eu me abro completamente a Ele e Lhe entrego todos os meus pecados, todo o meu passado e todo o meu futuro. É um verdadeiro ato de amor, o cumprimento do primeiro mandamento: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma e com todas as tuas forças”. Seguimos da mesma maneira com as demais palavras de Cristo na cruz.
Na outra forma de oração interior, meditamos sobre cada uma das palavras da cruz por apenas cinco minutos. Aquele que dedicar tempo para refletir todos os dias sobre as sete palavras da cruz, durante pelo menos um mês, verá abrir-se diante de si o caminho da oração interior.
Os seminaristas devem ser formados para levar uma vida semi-monástica ao se tornarem sacerdotes. O período de estudo no seminário deve servir para esse fim. Como nova geração de sacerdotes, eles deveriam passar um dia e meio por semana juntos, separados do mundo. Existem grupos de sacerdotes que já fazem isso há anos, reunindo-se no domingo à tarde e mantendo um horário fixo até a tarde de terça-feira. O ideal é um grupo de três a cinco sacerdotes.
Essas reuniões semanais de oração fortalecem a fraternidade e conduzem gradualmente cada membro à purificação interior. Podem ajudar-se mutuamente apontando os próprios defeitos e, de maneira apropriada, os defeitos dos outros. Dessa forma, ajudam a abrir os olhos uns dos outros e a curar-se da escravidão do amor-próprio e da inviolabilidade do ego, que é a raiz da cegueira espiritual e de muitos erros e pecados. Ao mesmo tempo, encorajam-se reciprocamente no caminho do seguimento de Cristo.
Também preparam a homilia dominical orando sobre as Escrituras. Ao final da oração, cada um partilha a luz que recebeu para viver a Palavra de Deus como alimento espiritual para si mesmo e para as almas que lhe foram confiadas. Aqui, isolados das influências do mundo e ao mesmo tempo em comunhão fraterna, recebem forças para anunciar o Evangelho em toda a sua plenitude. Passam esses menos de dois dias com certa ordem: em oração, em comunhão fraterna, no ensino apostólico e na santa liturgia. Estes são, de fato, os quatro pilares sobre os quais se construiu a Igreja primitiva em Jerusalém (cf. At 2, 42).
Os sacerdotes que vivem a comunhão fraterna são capazes de guiar os homens de suas paróquias para que se tornem discípulos de Cristo. Jesus disse: “Fazei discípulos meus”, ou seja, não apenas assistentes à igreja. Um grupo de homens também se reúne uma vez por semana e rezam juntos por pelo menos duas horas. Também celebram o domingo de uma maneira nova. Já no sábado à noite, cada homem vive a verdade da ressurreição de Cristo em casa com sua família, seguindo um modelo de oração. A contemplação é combinada com o canto. Depois, pela manhã, refletem durante duas horas sobre outras verdades relativas à ressurreição de Cristo, conforme o modelo.
Além da missa, passam tempo em comunhão, homens e mulheres separadamente. É uma oportunidade para compartilhar testemunhos, encorajar-se mutuamente e buscar formas de viver como discípulos de Cristo nas circunstâncias atuais. Essa santificação do domingo edifica e fortalece as famílias e as protege das crises a que o espírito do mundo as empurra. Além disso, fortalece as relações entre os cônjuges, bem como entre estes e seus filhos. Trata-se de construir uma família saudável por meio de uma família espiritual mais ampla, enraizada em Cristo.
Esta igreja doméstica tem um ponto fixo: todos os dias, cada família se reúne em oração para a chamada hora santa, das oito às nove da noite. Às nove, os sacerdotes, onde quer que estejam, impartem a bênção aos quatro pontos cardeais.
O sacerdote que foi formado na comunidade sacerdotal e tem uma ordem de oração pode então inspirar seus fiéis a orarem e alcançarem a verdadeira comunhão.
É fundamental que os homens fervorosos celebrem o chamado sábado de Fátima como um dia de penitência. Podem se reunir vários grupos. É aconselhável a presença de um sacerdote para administrar o sacramento da reconciliação e orar com eles. De certo modo, é uma renovação da festa bíblica da lua nova, mas com um conteúdo penitencial e um tempo dedicado à oração e à Palavra de Deus. Isso no que diz respeito à restauração do sacerdócio e da família.
Se compararmos este programa, esta formação, com a formação da teologia histórico-crítica, que há 60 anos distorce a vida espiritual, fica absolutamente claro qual caminho deve escolher um católico sincero.
As escolas de teologia ensinam teologia histórico-crítica e promovem o espírito do Concílio Vaticano II. Perguntemo-nos: qual é o fruto espiritual disso? A resposta é clara: é a morte. Portanto, é necessário iniciar uma nova formação do clero desde o seminário.

+ Elias
Patriarca do Patriarcado católico bizantino

+ Metodio OSBMr + Timoteo OSBMr
Bispos secretários

5 de março de 2025