In the Frames of Despair - 1CARACOMUM

6 months ago
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Eu amo este mundo terrível
E me alegro com as belezas desta existência deformada e sem sentido
Um malabarista dançando em uma corda esticada sobre o abismo

Eu amo este mundo terrível e me alegro com sua beleza

A beleza da dança
O terror da queda
O vento na cara
O abismo sob os pés
A magia dos movimentos
O medo de cair aos pedaços
A audácia de dançar num lugar ainda mais alto
O convite para o salto final

E com a bravura de quem tem olhos abertos
Entendo que tudo o que existe se expande em uma tensão infinitamente elástica

É por isso que eu danço sob a tensão
Um ator dançando na corda
Beleza e leveza sobre a profundidade do abismo
Eu amo esse mundo bizarro e terrível

É tão maravilhoso e esplêndido este mundo bizarro
E eu cavalgo nele dançando nessa corda infinitamente elástica sobre o caos.

"Não sou pessimista, eu amo este mundo horrível" - Emil Cioran, filósofo romeno, radicado na França.

"É necessário manter a corda sempre esticada, conciliar as tensões vindas dos paradoxos: a sanidade, talvez, esteja manter tudo numa tensão infinitamente elástica" - Ricardo Quadros Gouvêa, filósofo e teólogo brasileiro, radicado no Canadá.

Viver é estar constantemente diante do paradoxo entre a Beleza e o Bizarro. E a imagem redentora que me surge é de um malabarista circense andando sobre uma corda, e essa esticada sobre um abismo imensurável.

Ao caminhar pela corda ele desfruta de fortes emoções, opostas emoções: sobre sua cabeça a beleza do céu; à sua frente a exuberância da paisagem natural; sob seus pés um abismo que espera a sua queda.

Como conciliar isso?

A vida é uma instância em que é INEVITÁVEL o passeio sobre o abismo.

Você pode olhar para baixo, horrorizado, e se arrastar enquanto atravessa, deixando de perceber tudo de belo que está posto diante de você. Covarde!

Você pode, também, atravessar a jornada terrível olhando somente para o céu, como um tonto, um abobalhado. Covarde também.

Se você não enxerga essa tensão que se impõe diante de você, certamente está cegado por alguma forma - dentre inúmeras - de autoengano.

Então, por uma vida sem sentido prévio algum (mas que na qual eu sou o responsável por impor algum sentido a posteriori) , dançamos juntos - eu, o Cioran, e o Ricardo Quadros Gouvêa - naquela que parece ser a maneira honesta de encarar o paradoxo: dançando sobre o abismo, nessa corda infinitamente elástica posta sobre ele.

A frase que se repete na canção sintetiza essa percepção, e o fundamento da minha própria existência ; é uma conciliação:"eu acho belo, amo, esse mundo horrível, bizarro".

P.S: O título da canção é inspirado no título de um livro do Cioran, "Nos cumes do desespero". A canção se tornou "In the Frames of the despair" através de um trocadilho bôbo, já que "frames" em inglês se traduz por "quadros", tal como o Ricardo QUADROS Gouvêa. Rs.

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