O voto impresso, a confiança entre as partes e a democracia verificável, escreve Paula Schmitt

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5 months ago
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O voto impresso, a confiança entre as partes e a democracia verificável, escreve Paula Schmitt.
Existe um conceito que aprendi ainda bem pequena graças à sabedoria pragmática do meu pai. Quando nós, filhos, tínhamos algo a ser dividido entre a gente –um último pedaço de bolo, ou uma barra de chocolate– ele usava uma técnica que passou a nos parecer natural, quase óbvia. Em vez de ele, pai-de-todos, dividir e distribuir os pedaços entre os filhos, meu pai deixava que nós mesmos fizéssemos isso. Mas havia uma condição: o filho incumbido de fazer a divisão do todo não podia ser o 1º a escolher a sua parte. Em outras palavras: quem divide, escolhe por último.
Aquela técnica embutia várias lições, e essa era a 1ª: é próprio do ser-humano escolher a parte maior, e quase toda criança que entenda os conceitos de “dimensão” e “chocolate” estaria inclinada a escolher o maior pedaço. A 2ª lição é sobre outra tendência, menos perdoável mas também bastante humana: quem divide mas também escolhe a 1ª parte pode errar na mão “sem-querer-querendo”, e ser menos salomônico do que seria se não fosse beneficiado pelo próprio erro.
Mas a lição mais importante foi a seguinte: existem maneiras inteligentes e práticas de arquitetar um sistema que promova a confiança entre as partes, e que desencoraje discussões intermináveis sobre o tamanho exato de cada pedaço de bolo, ou sobre a justiça de certas ações.

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