O João sabe o que Faz (Carlos Imperial entrevista Tostão - 1970)

5 months ago
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Marataízes é uma cidade do Espírito Santo à beira de uma praia que impressiona por suas águas avermelhadas, altamente iodadas, da qual dizem maravilhas.

Outra característica do lugar é a assiduidade com que aparecem lá artistas e jogadores de futebol. Artistas do Rio, jogadores mineiros.

Tostão e Carlos Imperial (que lá têm uma casa, como Roberto Carlos e Paulo Sérgio) passaram suas últimas férias em Marataizes.
Descansando, tomando muito banho naquele mar que deixa a pele vermelho-ouro, movimentando a cidade.

NOSSO papo fixou-se principalmente no assunto futebol, de-pois do sorteio das chaves, realizado na Cidade do México.
Tostão desatou a língua e cOmeçou a falar sôbre as chaves estabelecidas. E falou sempre como um participante direto da Copa, uma vez que ele — que esta semana estará em Houston, Texas, fazendo seu último exame oftalmológico — não considera nem um segundo a possibilidade de ficar de fora. — Não vejo porque ter medo da nossa chave.

Sem dúvida nenhuma ela é a mais difícil. Mas, se nós tivermos de ter mêdo, imagine êles.

A Romenia está cheia de moral e é apontada como uma possível surprêsa. Os tchecos são nossos velhos rivais. Sabem como nós jogamos. Mas nós também sabemos como êles jogam.
Temos saído vencedores no confronto direto e acho que vai continuar assim. Quanto à Inglaterra, fora de Wembley sempre fêz feio. Só sabe jogar em casa.

Não tenho mêdo da Inglaterra fora de Wembley. Respeito-a, mas não a temo. Nossa chave é estranha. Claro que está muito difícil, porque entre quatro concorrentes de gabarito (partindo do princípio que a Romênia vai con-firmar as dificuldades que ofereceu a seus adversários nas eliminatórias), sobrarão apenos dois.

Apesar Apesar disso, embora correndo o risco de parecer contraditório, eu acho que caímos numa chave excelente. É fácil explicar. Pessoalmente, eu prefiro jogar contra o melhor time da Europa do que contra os sul-americanos. E só o fato de não ter sul-americano na nossa chave já me deixa mais tranqüilo.

- O Saldanha disse que mais uma semana para de convocava voce ou não.
- O João sabe o que faz. Também li essas declarações, mas apesar delas estou muito confiante. Por mim, estou pronto para entrar na Copa. Mas falta um exame final que farei em Houston, para onde embarco dia 30 de janeiro; como a situação está muito boa para o meu lado, diante dos últimos relatórios médicos, não custará nada esperar mais uma semanazinha.
Afinal de contas, eu volto antes do carnaval com a palavra final do Roberto Abdalla de Moura.

No carnaval, aliás, espero ir desta vez ao baile do Municipal, pra te ver de salto alto em sua Libélula Deslumbrada.

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