Espírito Santo em Dimensão Nacional (Revista O Cruzeiro - 1968)

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Espírito Santo em Dimensão Nacional.
Revista O Cruzeiro de 02/03/1968.

ABERTURA PARA O DESENVOLVIMENTO

Embora geograficamente situado no Leste, o Espirito Santo esta marginalizado do processo de desenvolvimento da regiäo e sem poder integrar-se no programa de expansäo
economica do Nordeste, com o qual se limita.

Recente diagnostico para o planejamento do Estado concluiu que o Espirito Santo, que näo pode ser classificado entre os Estados subdesenvolvidos do Brasil, se encontra em situacäo desvantajosa dentro de uma årea tida normalmente como desenvolvida.

Nao participou, suficientemente, do impulso dinamico do Centro-Sul.
Em outras palavras: o processo de desenvolvimento estaciona nas fronteiras do Espirito Santo.

Com essa realidade näo se conforma o governador Christiano Dias Lopes Filho, que é um homem que conhece o seu Estado e o offcio de governar.
Precisava, apenas, definir os termos de sua politica de rompimento das muralhas que cercam o Espirito Santo. E näo querendo resignar-se ao comodismo, empunha hoje a bandeira do progresso de sua terra.

É o proprio governador quem resume concisamente as dificuldades que cercam o seu Estado: a devastacäo de matas para a lavoura, especialmente a cafeeira, o enfraquecimento das terras, o regime de chuvas, a erradicacao dos cafezais, o drama da pecuaria.
E o confinamento da economia do Estado, como fator de agravamento de todos ésses problemas, a reclamar o interésse do Govérno Federal e do resto do Pais.

O CRUZEIRO, 2-3-1968

A GRANDE VITORIA

Aqui a civilizacäo chega aos arrancos ou muito cerimoniosamente.
Esta é uma capital magica que sintetiza todos os charmes e os torna mais cativantes,
na suavidade do sotaque e na beleza das
mulheres.

É um ponto tranquilo do planeta onde se levanta um dos maiores portos do mundo. Terras raras, onde se encontram as maiores concentracoes de fontes radioativas, na maior extensão de areias monazíticas do hemisfério ocidental.

Esta é a Grande Vitoria.

Aqui se encontram as forcas que alimentam e definem o Espirito Santo: a maior parte da sua populacao urbana, a dos trilhos da Estrada de Ferro Vitoria a Minas, o turismo, a pesca, o comércio e os armazéns de café, os navios que parecem passar pelas ruas em intimidade com os transeuntes täo pröximo estao canal as avenidas litoraneas a Universidade nascente as margens do braco de mar em Goiabeiras, os servicos do porto,
piramides de minério, de varias cores, vagoes em fila de 70 rumo ao cais de embarque na ponta do Tubarao.

E as muralhas vermelhas do velho porto de Cariacica.
Nesta estreita faixa de terra que os arranha-céus disputam a montanha e onde o mar vem em busca de seus antigos dominios, cobrindo o asfalto, ainda vivem os indios como no tempo capitanias e as ragas se misturam.

Nela sente-se o sabor dos antigos costumes e da conversa meticulosa, rica de pausas e de entonacoes, que ao viajante desacostumado chega a parecer exagero. Mas com a convivencia reaprende-se o valor dos longos, intensos dialogos capixabas.

Aqui nada se faz sem paciente explicacao. Como os gaturamos que povoam suas matas, os capixabas se escondem muito, e tem mil modos para escapar.
Inclusive ao cerco dos invasores que por aqui andaram e foram repelidos, como o mostram os painéis que ornam a secular igreja do Mosteiro da Penha, simbolo do Espirito Santo.

Porém, depois de aceitar a convivencia, é dificil encontrar outro brasileiro mais cheio de improvisaqöes para agradar a quem lhe merece a amizade.

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