Distopia 07 - Laranja mecânica (Anthony Burgess)

7 months ago
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Neste vídeo, eu apresentei a distopia "Laranja mecânica", do escritor britânico John Anthony Burgess Wilson (1917-1993), mais conhecido como Anthony Burgess.

O referido livro "pode ser lido como uma pura comédia de horror ou, em nível mais profundo, como uma fábula sobre o bem e o mal e a importância da opção humana" (Introdução de "Laranja mecânica", p. 9). É uma obra dividida em três partes, todas narradas em primeira pessoa, cheias de gírias e em tom de comédia e deboche por Alex, um jovem criminoso.

Na Parte 1, Alex narra, entre outras coisas, uma série de infrações que ele cometeu há uns poucos anos. Na época, ele tinha a idade de 15 anos. Seus parceiros do crime eram Pete, Georgie e Tapado.

Os pais do delinquente Alex parecem ter medo dele. Ele é quem manda em casa. Se Alex chega em casa após passar a noite cometendo uma série de delitos, e decide ouvir música nas alturas, ninguém pode repreendê-lo ou ordená-lo a baixar o volume ou desligar o aparelho de som. Para conseguirem dormir, seus pais tomam pílula.

Aliás, Alex aprecia demais a música clássica. Há várias passagens em "Laranja mecânica" em que ele comenta suas impressões ao ouvir música e menciona detalhes da execução de certas obras, além de nomes de compositores clássicos como Mozart, Chopin, Beethoven, Bach, Carl Orff, entre outros. Ele chega a dizer ainda que a música o que estimula a cometer atos violentos (Parte 1, Capítulo 4, p. 51).

Durante uma das noites em que Alex e sua gangue estão cometendo uma série de infrações, ele é traído pelos próprios parceiros de crime e a polícia o prende. Os outros criminosos fogem.

É na Parte 2 que ficamos sabendo que Alex foi enviado à Prisesta (Prisão Estatal) e lá fica por dois anos. Na condição de presidiário, ele é o número 6655321 e é o responsável pela música que é tocada na capela daquele lugar durante os cultos. Algum tempo depois, Alex ouve falar num tratamento. É a Técnica Ludovico. Caso o detento se submeta a esse tratamento que dura duas semanas, ele ganhará a liberdade após concluí-lo, não importa o que tenha feito.

A Técnica Ludovico consiste em "Matar o reflexo criminoso [...]" (Parte 2, Capítulo 2, p. 100), eliminando a opção do indivíduo de decidir por livre e espontânea vontade fazer algo bom, ou seja, ele é forçado a ser bom. Logo, ele não pode ser genuinamente bom.

Conhecemos as conseqüências do tratamento, se ele funcionou ou não funcionou em Alex, na Parte 3 do livro. Vemos também, por meio do que Alex nos conta, que o Governo está propagandeando que resolveu a violência nas ruas através do tratamento para se reeleger. Há ainda um grupo de pessoas, entre elas, o escritor F. Alexander, que estão se insurgindo contra o Governo e planejando estratégias para evitar sua reeleição. Alexander e outros três querem usar Alex como símbolo para mostrar ao povo que a Técnica Ludovico aplicada aos criminosos abre precedentes para outras coisas piores como, por exemplo, o uso do mesmo tratamento pelo Governo contra aqueles que se insurgirem contra ele (Parte 3, Capítulo 5, p. 168). No entanto, apesar de compreender as implicações éticas da Técnica Ludovico, F. Alexander e seus companheiros não parecem estar preocupados exatamente com o bem-estar de quem foi submetido a esse tratamento. Eles parecem mais interessados em derrubar o Governo, não se importando muito com os meios utilizados para esse fim.

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