Distopia 06 - Nós (Ievguêni Zamiátin)

10 months ago
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Neste vídeo, eu apresentei a distopia "Nós", do escritor russo Ievguêni Ivánovitch Zamiátin (1884-1937).

"Nós" é a distopia primordial. É aquela que inaugurou o estilo literário ao qual chamamos de distopia. Influenciados por essa obra, autores como George Orwell (1903-1950), Aldous Huxley (1894-1963), Ayn Rand (1905-1982) e diversos outros escreveram livros que podem ser enquadrados na categoria de literatura distópica.

Na narrativa descrita em "Nós", não há individualidade. Cada pessoa é um "número". Assim sendo, os "números" não têm nome próprio. Eles são identificados por letras e números, como é o caso do personagem principal, o cientista D-503.

As pessoas não têm privacidade, exceto durante a Hora Pessoal que ocorre duas vezes ao dia, das 16 às 17 horas e das 21 às 22 horas. Nesses horários, elas podem fazer o que desejarem.

O sexo só pode ser praticado durante a Hora Pessoal. Inclusive, há a chamada Lex Sexualis que determina: "todo número tem direito a qualquer outro número como produto sexual" (5ª Anotação, p. 42), ou seja, toda pessoa tem direito a ter relações sexuais com quem ela quiser. No entanto, uma gravidez não pode acontecer, pois engravidar é crime. Uma vez grávida, a mulher se torna "uma mãe ilegal" (20ª Anotação, p. 161). Descoberta a gravidez, tanto a mãe quanto o pai do bebê são eliminados.

Qualquer regra estabelecida pelo Estado Único que for violada resultará em sentença de morte: o desobediente será exterminado na Máquina do Benfeitor.

Acima de todos os números, está o Número dos Números, aquele a quem D-503 chama de sumo sacerdote, o Benfeitor, que todos os anos é eleito por unanimidade. Há mais de quarenta anos, o Benfeitor está no poder. Todos votam no Benfeitor e todos sabem que todos votam nele. Afinal, se todos os números são o Estado Único, por que um ou alguns deles votariam diferente? Todos são um, são "Nós", portanto, não deve haver divergência de pensamento entre eles.

Na sociedade dominada pelo Estado Único, tudo tem que ser matemática e geometricamente perfeito. A inspiração é considerada "uma forma desconhecida de epilepsia" (4ª Anotação, p. 36). Sonhar é visto como uma doença psíquica. Desenvolver uma alma é coisa grave. A imaginação é compreendida como uma enfermidade, como algo que precisa ser extirpado. A compaixão é uma piada. "[...] o amor mais difícil e elevado é a crueldade [...]" (21ª Anotação, p. 169). A verdadeira felicidade é a ausência de liberdade.

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