A Cracolândia da Cidade de São Paulo | Cracolandia in the City of São Paulo | JV Jornalismo Verdade

1 year ago
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Cracolândia (por derivação de crack, crack+lândia = terra do crack) é a denominação comum para uma população que vive na rua, composta, na sua maioria, por dependentes químicos e traficantes, geralmente de crack, que costuma ocupar uma determinada área no centro da cidade de São Paulo, nas imediações das Avenidas Duque de Caxias, Ipiranga, Rio Branco, Cásper Líbero, Rua Mauá, Estação Júlio Prestes, Alameda Dino Bueno e da Praça Princesa Isabel. Onde historicamente se desenvolveu intenso tráfico de drogas e prostituição. Fica mais propriamente situada na "Praça do Cachimbo" (esquina da Rua Helvetia com Alameda Cleveland) no bairro de Campos Elíseos, e coincide parcialmente com a região da Boca do Lixo e da Luz. De modo geral as “cracolândias” têm se espalhado por várias cidades do planeta.
Em 17 anos, 'cracolândia' paulista chegou a percorrer 18 ruas. O fluxo de usuários de drogas na "cracolândia" do centro de São Paulo tende a aumentar exponencialmente causando um rastro de destruição como herança para os paulistas.
Antes de se instalar na rua dos Protestantes, a "cracolândia" circulou entre as ruas Conselheiro Nébias e Guaianases no primeiro semestre deste ano. O UOL analisou mais de 40 registros de pontos por onde o fluxo passou e percorreu os principais locais. O levantamento usou dados da PM entre 2006 e 2023. As ruas por onde passou nos últimos 17 anos ficam em uma área de 1 km quadrado. As 18 vias estão concentradas em cinco pontos do centro de São Paulo. A "cracolândia" muda; o problema, não. O cenário de abandono não é realidade só nos locais de concentração de usuários de drogas. Ainda que o fluxo tenha saído da praça Princesa Isabel desde maio de 2022 após permanecer cinco anos por lá, o efeito devastador da passagem da "cracolândia" permanece. Poucos comércios resistem no quarteirão da praça. O português Armando Ascenção Froz, 74, mantém uma loja de venda de veículos em frente à praça. Mas diz que os clientes ainda têm medo de ir à região. "Vivemos uma rotina de encontrar cadeados quebrados, sujeira, vidros dos carros quebrados e lojas invadidas." "A 'cracolândia' pode ter saído da praça, mas ela continua por perto. Não tem como a situação melhorar. A maioria das lojas já fechou." Um ambiente caótico com centenas de pessoas aglomeradas 24 horas por dia. Algumas empurram carrinhos de supermercado cheios de roupas e objetos pessoais, enquanto outras caminham sem direção e com olhar perdido. Elas são atraídas pela mesma coisa: o crack. A área itinerante apelidada de Cracolândia, no Centro de São Paulo, dominou as páginas de jornais brasileiros e estrangeiros nas últimas décadas. O número de pessoas que se concentra ali varia bastante até mesmo em um único dia. O fluxo, como é chamada a maior concentração de usuários, já mudou incontáveis vezes de lugar. A presença dele é motivo para desvalorização imobiliária, queda nas vendas do comércio nas redondezas e insegurança por conta do medo que os moradores têm de serem roubados. Recentemente, o governador do Estado de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), chegou a anunciar que migraria essa concentração de usuários para o bairro do Bom Retiro, mas logo recuou. Glória, uma moradora local que pediu para não ter seu nome verdadeiro revelado, diz ter comprado um apartamento na região por conta da quantidade de serviços que havia no abastado bairro de Campos Elíseos na década de 1980.
"Aqui era considerada uma região nobre. Com estação de trem, comércios nos arredores, uma sala de teatro, o Liceu Sagrado Coração de Jesus. Eu morava na [avenida] Nove de Julho, mas queria comprar um apartamento novo. Era tudo muito lindo, então compramos um aqui perto. Eu achei o bairro interessante porque era perto da rodoviária também. E, na época, não tinha crack", conta ela.
O problema não é exclusivo de Sã Paulo, diversas grandes capitais pelo mundo também tem a sua cracolândia. A 54 quarteirões no centro de Los Angeles, a poucos passos dos cinemas e teatros do equivalente local da Broadway e centro financeiro da cidade californiana também surge um centro de usuários. As Skid Row, ou as cracolândias dos Estados Unidos, se mantém há décadas 'nos fundos' de Hollywood. Pelo menos 4 mil pessoas dividem as ruas da Skid Row. E e a maioria usam drogas pesadas várias vezes ao dia. Por fim, as drogas são o combustível da sociedade e o fim do homem.

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