07 de Setembro sem razão de comemoração
Por mais de duzentos anos diversas pessoas ao longo do território brasileiro tem se reunido em uma data específica para relembrar um importante momento para o país, sete de setembro, o dia de sua independência frente ao reino português. Ao longo dos anos os modos pelos quais a data vem sendo comemorada tem se modificado, os seus sentidos também por isso abrimos aqui este questionamento: o que ainda nos resta de sentido nos dias de hoje em torno deste ato de celebração? Ou melhor, o que ainda estamos comemorando, afinal, diante de tantos acontecimentos lastimáveis que temos testemunhado em nossa história recente?
Lembramos que não é nosso objetivo aqui estimular atos de violência mas tão somente atos de reflexão, especialmente quanto a vários fatos recentes relacionados a experiência histórica de noções como identidade nacional, patriotismo e alguns elementos outros simbólicos relacionados.
Como é bem sabido, as celebrações de independência podem ser consideradas como um elemento extremamente comum a vários países ao redor do mundo, pois condiz com a formação de uma identidade nacional, à gênese de uma nação, à própria formação de um povo, e esta formação geralmente se dá por meio de alguma luta ou revolta contra algum outro elemento que lhe seria externo ou invasor. Isto tem um sentido especial quando se trata de países com passado colonial como ocorreu a praticamente todos países do continente americano. Entre os países da chamada américa latina grande parte das independências se deu em um período de tempo muito próximo, isto em muito se deveu ao enfraquecimento das metrópoles, os reinos da península ibérica, Portugal e Espanha, devido às guerras napoleônicas no começo do século XIX.
Mas até nisto nossa história apresentou suas peculiaridades. Ao contrário do que ocorreu com as outras ex-colônias, no território brasileiro houve praticamente uma contínuidade entre reinos, inclusive o responsável pela independência, dom pedro primeiro, anos depois regressou à Portugal para se tornar regente daquela nação. Ainda que tivesse trazido esta continuidade do DNA português entre os seus mandatários, o Brasil desfrutou de liberdade administrativa e ainda que não tivesse passado por um evento traumático como uma guerra civil interna, tal qual os demais países do contimente, a ideia de luta e defesa da terra foi agregada ao imaginário nacional: A chamada defesa da soberania. Nisto, as forças armadas se apresentaram como as instituições voltadas para a defesa da soberania e por muitos anos tem marcado a sua presença em celebrações de independência. Mas como tem andado o vínculo de identidade entre as forças armadas e o povo?
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