Distopia 02 - Admirável Mundo Novo (Aldous Huxley)

10 months ago
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Neste vídeo, eu apresentei o livro "Admirável mundo novo", uma distopia de autoria do escritor britânico Aldous Leonard Huxley (1894-1963). Brave New World é o título original desse romance lançado em 1932.

A obra trata de uma sociedade onde as características físicas e o nível de inteligência de um indivíduo são determinados quando ele está no estágio embrionário. As pessoas são condicionadas quando ainda bebês a aceitarem e até a gostarem de viver a vida e a exercer o trabalho que foram determinados para elas. São divididas por grupos (Alfa, Beta, Gama, Delta e Ípsilon) e exercem funções de trabalho de acordo com o grupo ao qual pertencem.

Nesse mundo civilizado, não há Deus, não há religião. Não há reprodução vivípara (aquela em que embrião se desenvolve dentro da mãe e é alimentado por ela através de uma placenta). Os bebês não nascem, eles "decantam". São reproduzidos artificialmente, pois ser pai, ser mãe, gerar um bebê dentro da barriga e nascer de mulher são coisas indecentes e repugnantes.

Casar-se com alguém, nem pensar! Isto é algo inapropriado. Para que casar se todos são de todos, se todos podem ter sexo com quem e com quantos quiserem?
Nessa sociedade moderna, as pessoas não podem escolher construir um relacionamento amoroso com uma pessoa ou até mesmo se relacionar sexualmente por um longo período somente com ela.

A religião, o casamento, a gestação, entre outras coisas, são considerados comportamentos impróprios, inaceitáveis, coisas do passado e dos "selvagens". Nesse "admirável mundo novo", as pessoas têm a liberdade apenas de se comportarem conforme lhes foi determinado.

Além desse mundo novo e moderno, há a Reserva de Selvagens, um lugar onde as pessoas vivem de maneira totalmente diferente. Elas vivem em tribo, têm fé, praticam rituais religiosos. Casam-se com o intuito de viver com o cônjuge até que este faleça. As mulheres engravidam. A paternidade e a maternidade são algo normal. Na Reserva de Selvagens, as pessoas não têm acesso às modernidades da sociedade moderna. Elas vivem uma vida bem simples.

No mundo civilizado em que habitam Lenina Crowne e Bernard Marx, personagens importantes na obra, as pessoas são estimuladas a se comportar como adultas no que se refere ao trabalho. Porém, no que se refere aos sentimentos, elas são estimuladas a se comportar como crianças.

Perceber-se como indivíduo que pode pensar, fazer escolhas, questionar a ordem das coisas, etc., são atitudes inaceitáveis.

No "admirável mundo novo", as pessoas não querem saber da verdade e da arte. Elas não têm acesso, não lêem, ou melhor, sequer tomam conhecimento da existência das grandes obras literárias já produzidas pela humanidade. Estas coisas lhe são proibidas.

As pessoas não se permitem ter sentimentos ruins, nem sofrer porque lembraram de algo triste ou por qualquer outro motivo. Se alguém está entediado, cabisbaixo, sentindo-se mal, ele/ela toma o soma, uma substância distribuída em forma de comprimidos e que é acessível a todos, independentemente do grupo a qual pertençam. Nessa sociedade, todos tomam o soma. Ao ingerir o soma, a pessoa começa a sentir efeitos agradáveis e sensações boas. É uma forma de fugir do peso da realidade, de não encarar uma verdade ou um fato triste. Afinal, tudo é ordenado de um modo que todos possam se sentir felizes e confortáveis o tempo todo. Essas pessoas sacrificam sua individualidade, sua liberdade de escolha, etc., para ter felicidade e conforto por toda a vida.

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Imagens utilizadas em meu vídeo que não são de minha autoria:

Aldous Huxley
Origem: A Case For ESP, PK and PSI. Life Magazine. 11 de janeiro de 1954
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/e/e9/Aldous_Huxley_psychical_researcher.png

"Otelo e Desdêmona"
Quadro produzido em cerca de 1859 pelo pintor e historiador irlandês Daniel Maclise (1806-1870), que ilustra personagens da peça teatral Otelo, de William Shakespeare
https://fineartamerica.com/featured/othello-and-desdemona-daniel-maclise.htm

As duas imagens estão em domínio público.

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#Admirávelmundonovo #AldousHuxley #distopia

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