Rei Faraó Tutankhamon | JV Jornalismo Verdade

10 months ago
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A nova polêmica sobre a descoberta da tumba do faraó Tutancâmon
No centenário do feito, uma exposição em Oxford contesta a imagem do arqueólogo Howard Carter como herói solitário
Uma das crenças dos antigos egípcios diz que todo ser humano morre duas vezes: a primeira quando a alma abandona o corpo e a segunda quando o nome dessa pessoa é mencionado pela última vez. Como a tumba de Tutancâmon enfeitiçou o mundo influenciando a moda após 3 mil anos. Quando a tumba do rei Tutancâmon foi aberta em novembro de 1922, o mundo sucumbiu sob seu feitiço. Para os arqueólogos de hoje, a explicação para esse culto está na riqueza excepcional da descoberta, especialmente porque muitos dos túmulos encontrados anteriormente tinham sido saqueados, e também na mística em torno das mortes prematuras do menino rei e do lorde Carnarvon, que financiou a expedição. A maior coleção de tesouros de Tutancâmon autorizada a sair do Egito está sendo exibida na Galeria Saatchi, em Londres (depois alcançar imenso sucesso em edições em Los Angeles e Paris). O interesse mostra claramente que as obras ainda têm um apelo global no século 21.
O poder do rei Tutancâmon repousa tanto no contexto extraordinário da década de 1920, quando a tumba foi encontrada, quanto no próprio conteúdo da urna. Em 1922, Howard Carter, o arqueólogo britânico que encontrou o túmulo, foi pego no meio de uma tempestade política. O Egito havia passado por uma recente transformação política, e o novo governo manteve um controle rígido sobre os artefatos encontrados.
Para arrecadar dinheiro para financiar o complexo processo de escavação, preservação e catalogação das riquezas da tumba, lorde Carnarvon assinou um contrato de exclusividade com o jornal londrino The Times, concedendo ao periódico o direito de publicar em primeira mão notícias e fotografias sobre o que fosse encontrado.
Na época, esse tipo de acordo era extremamente incomum. Cat Warsi, arquivista assistente do Griffith Institute, da Universidade de Oxford, argumenta que o apoio financeiro e o interesse contínuo da mídia eram vitais, "porque essa foi uma escavação dispendiosa que, no final, levou quase 10 anos".
O mundo ficou encantado com os tesouros encontrados na escavação: eles eram extraordinários, mas também ordinários. Paul Collins, curador de artigos do oriente no museu Ashmolean, em Oxford, diz que essa "egiptomania" foi alimentada "por uma perfeita onda de novas tecnologias". "Foi um momento em que rádio, telegrama, jornais de circulação em massa e filmes em movimento se uniram para que todos pudessem ter um pouco de Tutancâmon", afirma.
As fotografias de Burton mostravam mais de 5 mil objetos amontoados no pequeno túmulo. Entre as requintadas estátuas e jóias de ouro, caixas e barcos decorados e carruagens desmontadas, havia também objetos triviais da vida cotidiana como pães, restos de carne, cestos de grão de bico, lentilhas e tâmaras. Havia até guirlandas de flores.

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