May 30, 2023

1 year ago
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MENSAGENS DE PAZ RS MAIRA ROCHA TRABALHO DE PSICOGRAFIA, PROVA DE FÉ COM O FILHO, UNIVERSALIZAÇÃO

"Eu consegui conversar com famílias que a dor passou mais, consegui falar com famílias que a carta aumentou a saudade.
Então, são pessoas. A gente trabalha com pessoas, não é?
O que eu sei é que a missão é essa. Passar um pouco...
E quando eu conversava um pouco com o meu marido, ele sempre foi o comentador disso tudo.
Eu dizia:
-Não vou fazer isso!
Quantas vezes, eu não neguei isso para ninguém.
Eu falava:
-Não vou!
Quantas vezes eu não levantei dizendo assim:
-Hoje eu não vou no centro fazer aquilo ali.
Porque o centro foi assim... Eu cheguei lá numa reunião... Que eles também foram bem espertos. Eles perceberam que não podiam me assustar.
Então a primeira vez que eu sentei, eles deixaram eu sentar com a folha no colo. Aí onde vocês estão.
Eu disse:
-Eu não quero subir na mesa.
-Não! Fica aqui.
Aí fiquei. Daqui a pouco eu vi que era desconfortável.
Falei:
-Não, eu vou subir na mesa!
Só que tinha 08 pessoas.
Aí, muito bem.
Na próxima quarta, que era na quarta, tinha 40 pessoas.
Já subi olhando...
Falei:
-É... Aumentou um pouquinho, não é?
Na próxima tinha 150.
E assim foi.
E hoje eu chego lá, eu brinco com o presidente porque às vezes ele senta, ele chora demais. Ele chora tanto que as pessoas confundem, acham que ele é a família que vai receber a carta. Ele chora mesmo.
E a gente fica sempre monitorando ele.
Onde ele vai sentar hoje? Porque como eu já sei as cartas que eu vou repassar, eu fico torcendo... Que ele não sente perto da família.
Outro dia, eu fiz uma carta de um menino que eu... Eles acabam se tornando meus amigos depois. O Ramon! Ramon desencarnou com 18 anos. Foi assassinado em Brasília. Morava na periferia. Teve procedimento que foi assassinado.
Então, a família do Ramon, apareceu lá, alguém indicou e eles sentaram assim... Então não vi eles. Eles nunca tinham me visto.
E nesse dia da carta, eu procurei o presidente, o Nivaldo. Gente, cadê o Nivaldo? E Nivaldo sentou do lado da família.
Eu falei:
-Hoje que ele vai dar um treco.
Quando eu comecei a ler carta, a família foi chorando e ele foi chorando com a família, virou... Sabe?
Eu sempre tenho que me segurar. Sabe porquê?
As pessoas perguntam: Como você é forte? Você não chora.
Sabe por que eu não consigo chorar?
Porque ele tá muito real perto de mim.
Aquele sentimento que a família tem...
-Ah, eu não tenho ele perto de mim. Eles estão longe!
Não, eles estão aqui do meu lado.
Eles estão tão aqui do meu lado que a Lívia tá quase me empurrando aqui, porque ela é ansiosa. E eles pegam em mim.
Eu brinquei hoje com a família dela.
Porque a Livia tinha uma fita que colocava aqui com a sonda que passava. E essa fita tinha que ser cor de pele, porque ela não queria branca, não é?
Vai ficar com aquela coisa branca.
Então quando ela veio para mim, ela tinha a impressão que aquela fita ainda tava aqui.
Como ela consegue me tocar eu consigo tocar, ela disse:
-Tira a fita de mim, Maira! Eu não preciso mais da fita.
E eu fico tempos tirando a fita da Livia. Tempos, tempos...
Falei:
-Já tirei, Livia!
Aí ela vai no espelho e vê a fita.
-Não, a fita tá aqui.
Eu falei:
Sabe o que é isso? É a marca que ficou. Tu tomou sol e a fita ficou marcada.
E assim vai.
Então, eles estão muito perto.
O que vocês veem muito distante, pra mim tá bem aqui.
Mas aí você vê como o sapato aperta na gente.
Eu fiquei grávida do segundo bebê e passei a gravidez muito bem, só que o meu mentor disse:
-Vai ter um procedimento difícil desse parto. Eu preciso que você se prepare. Porque o bebê não vai conseguir... O procedimento que o bebê não vai conseguir.
E a barriga foi crescendo e eu fazendo os exames e tudo bem, tudo bem, tudo bem...
Não tive problema nenhum durante a gravidez.
Eu falei assim:
-Ó... Às vezes eles erram também, não é? Eu acho que Deus teve misericórdia de mim, não vai acontecer nada.
Marquei a cesária normal pra tal data. Tudo tranquilo.
Mudou o médico de última hora.
A médica que fez o meu parto, ela já tinha feito 4000 partos, mas errou no meu. E o meu filho ficou quatro minutos sem respirar. Nasceu morto e ficou quatro minutos. Foi reanimado, intubado, colocado na UTI.
Lá para o quarto, quinto dia, o médico falou para a gente:
-Eu acho que ele não vai sobreviver. Eu não posso dizer que ele vai sobrevier.
Tiravam os remédios do coração, a dopamina, e ele não reagia. Ele arroxeava de novo e tinha que entrar...
E esse remédio, se você deixar muito tempo tomando, o coração também não aguenta.
E eu me lembro que nesse dia, eu parei na incubadora, e falei assim:
Eu fiquei estática.
Falei:
-Daniel, eu não acredito, eu tô fazendo...
Aí você entra naquele processo.
-Eu tô fazendo tudo o que vocês estão me pedindo. Não leva o meu filho não.
E aí ele falou assim para mim:
- Nós não estamos levando. Cada um tem o seu momento de estar aqui.
E eu rezei tanto, rezei tanto a Deus e falei:
-Deus, não faça isso comigo."

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