13 de junho de 2013

2 years ago
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A partir do dia 13 de junho de 2013 aconteceu uma inflexão importante da situação política no Brasil. Uma sequência de quatro protestos de rua contra o aumento das passagens de ônibus em São Paulo, com alguns milhares de jovens, foi uma faísca. Reprimidos pela polícia com uma violência selvagem, detonaram uma explosão social surpreendente.

Um conflito que parecia marginal deflagrou uma onda nacional de mobilizações que o país não conhecia há vinte anos. E isso aconteceu sem que qualquer grande aparelho político estivesse comprometido com a convocação. Os próprios manifestantes declararam espontaneamente, aos milhares, ao que vieram: Não é por centavos!

Nas jornadas de junho centenas de milhares de jovens invadiram as ruas de São Paulo e do Rio de Janeiro. Na dimensão nacional algo próximo a dois milhões de pessoas saíram às ruas em quatrocentas cidades em poucas semanas. Essa onda de lutas se estendeu de variadas formas no segundo semestre. Por um lado, a campanha Aonde está Amarildo? comoveu o país inteiro. Por outro, grupos de black blocs, alguns com infiltrações policiais, multiplicaram ações simbólicas violentas. Mas a onda se esgotou em fevereiro de 2014, depois da morte do cinegrafista da Band diante da Central do Brasil.

Uma análise em perspectiva deveria nos ajudar a compreender o significado daquelas primeiras quatro semanas, e dos seis meses seguintes. Mas não é assim. Prevalece ainda na esquerda a percepção de que é possível discernir uma causalidade direta entre Junho de 2013 e o impeachment de Dilma em 2016, e do que veio depois. Mas esta interpretação é difícil de sustentar porque não se apoia em evidências irrefutáveis.

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