O nazismo era “de direita”? | Guten Morgen #38 | Flavio Morgenstern

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Título Original: Guten Morgen 38: O nazismo era “de direita”?
Publicado em 28 de Dezembro de 2018
Créditos: Senso Incomum, Flavio Morgenstern
Publicação Original: https://www.youtube.com/watch?v=UCcY1N3pXH4

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Guten Morgen, Brasilien! Depois de uma semana em que foi impossível falar de outra coisa que não do Apocalipse em Brasília, voltamos para entrar numa discussão que sacudiu os debatedores de ideologias políticas na internet pouco antes: afinal, o nazismo, ideologia do Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães (Nationalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei), era “de direita”?

O nome confunde, afinal, a Escola Britânica de Marxismo chamou o nazismo de uma ideologia de “extrema-direita”, conceito com o qual é ensinado até hoje como uma descrição factual. Entretanto, os próprios nazistas nunca se denominaram como direitistas (muito menos como muito direitistas), e não é suspeito utilizar um termo cunhado a posteriori por outros socialistas?

Foi cavando fundo o pé nesta confusão que a BBC Brasil convidou lingüistas para debater se o nazismo era “de direita”, sendo um partido com “socialista” no nome. A solução do lingüista da USP, Izidoro Blikstein? Simplesmente ignorar a palavra “socialista” no nome e problem solved. Novamente: por que não questionar também a ideologia de quem nomeia, ainda mais com tal simplicidade?

Mas quem sofreu mesmo foi Rachel Sheherazade, que no Twitter, em uma discussão com interlocutores de esquerda, disse que Hitler fundou “o PT da Alemanha”, fazendo com que a expressão atingisse os Trending Topics do Twitter. Um problema básico: ninguém que tentou rir de Rachel Sheherazade de fato argumentou se o nazismo tinha uma ideologia com a mesma base da do PT brasileiro. Basta repetir o que já “aprenderam” com professores de História e voilà – auto-declarar vitória, ao mesmo tempo em que auto-declara o que os nazistas pensavam.

Marcelo Rubens Paiva, no Estadão, tentou dar uma aula de História a Rachel Sheherazade, mas novamente não argumentou: apenas disse que já leu muito essa “pérola” e essa “abominação política”. E, novamente, problem solved.

Mas o que de fato os nazistas pensavam? Era algo mais próximo da esquerda ou da direita? A direita política é considerada herdeira da tradição judaico-cristã, tanto em valores quanto em organização social. Será que o nazismo pode ter algo em comum com uma tradição… judaico-cristã? Quem defende os judeus – pense-se no caso de Israel – hoje: a direita ou a esquerda?

Neste mais longo episódio de nosso podcast, vamos até as bases do judaísmo no Antigo Testamento para tentar compreender como os judeus foram vistos por outras sociedades, e por que é o povo mais perseguido do mundo até hoje. Passamos pelo Novo Testamento, Império Romano, Feudalismo, Renascimento, a formação do estados-nações (que já discutimos aqui no Guten Morgen), Iluminismo e Romantismo até entender o nacionalismo alemão, e como todo este caldo dificílimo de ser entendido colocou os judeus como “inimigos” de um país em formação como a Alemanha. Por que a cultura judaico-cristã é tão importante e tão única em relação às religiões étnicas?

Tal como as corporações de ofício que derrubaram o feudalismo, que vão formar um novo modelo de sociedade de classe, que futuramente viria a formar instituições modernas, como sindicatos, a política do corporativismo e, claro, os movimentos trabalhistas do século XX. Também desse movimento surgem misticismos e organizações iniciáticas como a maçonaria, o espiritismo ou, ainda mais futuramente, a teosofia – todas fontes de onde o nazismo foi beber.

Por fim, ainda comparamos um discurso do próprio Adolf Hitler com o que diz Marcelo Rubens Paiva em sua “aula” para Rachel Sheherazade. Quem será que entende de fato o que pensavam os nazistas: Adolf Hitler, segundo o que disse eu seu famoso discurso explicando por que os nazistas eram anti-semitas (como compilado pela revista Der Spiegel, a mais importante da Alemanha), ou Marcelo Rubens Paiva?

A produção é de Filipe Trielli e David Mazzuca Neto, no estúdio Panela Produtora. Guten Morgen, Brasilien!

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