Lars Grael, Pesadelo no Mar (1998)

1 year ago
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Lars Grael, Pesadelo no Mar (1998).

De NEY BIANCHI
Aos 34 anos, medalhista de bronze olímpico em Seul (1988) e Atlanta (1996), o velejador brasileiro Lars Grael deixa o sonho de ser, enfim, campeão nos jogos de Sidney.
Competindo em Camburi, domingo 6, no litoral de Vitória, no Espírito Santo, o barco da classe Tornado de Lars foi abalroado por uma lancha que invadiu a raia.

O iatista caiu ao mar e teve a perna direita decepada pelas hélices da lancha. Uma tragédia para o iatismo brasileiro, esporte que levou o país ao pódio nas últimas olimpíadas.

Longe das regatas, sim. longe do mar, não. Lars Grael não competirá mais porque o iatismo exige muito das pernas e braços dos tripulantes.
Principalmente nos barcos da classe Tornado (muito velozes, com seus dois cascos de 6,90m, pesando 150 quilos), como que Lars timoneava em Vitoria.
Mas poderá com uma prótese lugar da perna direita amputada. Seu irmão Torben Grael — que no dia do acidente na praia de Camburi competia no Mundial da Eslovênia, norte da Europa tem um preparador fisico que perdeu
uma perna num acidente, mas colocou uma prótese ultramoderna que lhe permite até participar de provas ciclísticas.

Nesta época da ano, normalmente las estaria com o irmão competindo no circuito europeu.
Os dois são profissionais do iatismo há mais de 15 anos e participam de todas as regatas internacionais da temporada, incluindo os campeonatos mundiais.
Os Grael estão entre os iatistas mais premiados da atualidade.
Mas como estava afastado das desde julho, devido a uma lesão no tendão-de-aquiles da perna direita sofrida durante uma partida de badminton (junto com o tenis, o seu esporte de lazer), preferiu aceitar o convite do amigo Luiz Roberto Câmara Gomes também iatista, para competir ali.
Na hora do acidente, estavam na raia 80 barcos das classes olímpicas Star, 470, Finn, Laser, Solinge Windsurf.
Era a primeira vez que os Tornado competiam em Vitória. Na manhã de domingo 6. a visibilidade na zona da raia da classe Tornado era ruim e o mar — com profundidade de 12 metros no local — estava agitado.
Quando a lancha Laguna I abalroou o barco de Lars, ele estava de pé, trocando sua posição no timão. Por isso desequilibrou-se e caiu mar, onde as hélices da lancha dilaceraram sua perna.
Cede ou tarde um acidente como o que vitimou Lars aconteceria no iatismo brasileiro que, apesar de ser um dos melhores do mundo em termos de atletas, é dos que oferece as maiores áreas de risco para os competidores.
Nele, não raramente, as raias são marcadas com boias menores que as regulamentares (caso de Camburi), além de haver o perigo constante da presença de outras embarcações, que invadem as áreas de manobra.
Nas regatas a vela, os barcos largam em movimento, manobrando em torno do ponto de partida. Há espaço para isso, mas os velejadores precisam de conhecimento técnico para evitar abalroamentos.
SEGUE...

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