Livro Matilda - Roal Dahl

2 years ago
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Aos 5 anos e meio, Matilda é dona de uma inteligência acima da média – faz contas complexas de cabeça e já lê livros avançados, como Grandes Esperanças, de Charles Dickens. Apesar da genialidade, Matilda é uma garota simples e humilde e que, talvez por ter pais extremamente negligentes e egocêntricos, não tenha noção de sua própria sabedoria.

Quando finalmente começa a ir à escola, Matilda enfim descobre o que é ter amigos e conhece a bondosa Miss Honey. No entanto, como nem tudo são flores, a garota também é obrigada a conviver com a diretora da escola, a temível e violenta Miss Trunchbull. E é exatamente ela quem vai colocar a inteligência, a bondade e a sabedoria de Matilda à prova.

Embora, quando criança, eu tenha adorado a adaptação cinematográfica de Matilda, provavelmente nunca pensaria em ler a obra de Roald Dahl. No entanto, por causa do Desafio de Leitura, eu precisava ler um livro publicado no ano em que eu nasci (1988) e este foi o único que me interessou minimamente. Eis que, mesmo já tendo expectativas relativamente altas sobre a obra, terminei a leitura surpreendida por uma história cativante e leve, apesar de tratar de temas pesados – como o pior tipo de bullying, aquele praticado por adultos e, o que é ainda pior, dentro de casa.

Never do anything by halves if you want to get away with it. Be outrageous. Go the whole hog. Make sure everything you do is so completely crazy it’s unbelievable”.

Em Matilda, Dahl exacerba todos os aspectos da história – desde a inteligência da menina até a negligência dos pais e a agressividade de Miss Trunchbull -, mas nem por isso deixa de retratar a realidade. Na verdade, é exatamente por meio destes exageros que o autor faz com que o leitor passe a realmente enxergar estas situações, que podem nem sempre ser tão agudas, mas que, nem por isso, deixam de existir.

Confesso que, em alguns momentos, quase comecei a pegar birra da protagonista e o “ar de sabichona” que poderia vir junto com sua inteligência acima da média. No entanto, além de fazer questão de reforçar o quanto Matilda é humilde, Dahl fez um ótimo trabalho em realmente tornar a personagem cativante e, apesar da genialidade, real.

Uma coisa que me chamou a atenção em Matilda é como Roald Dahl se inspirou nos mesmos ingredientes que Stephen King usou para escrever Carrie, a estranha, em 1974 – o bullying, o desejo de vingança e a telecinésia. No entanto, os resultados foram histórias completamente diferentes, desde o estilo até o desenvolvimento e o desfecho, mas que, de certa forma, também têm suas similaridades. No final das contas, com a ajuda de Matilda, Roald Dahl nos mostra que a inteligência não é nada, se você não souber usá-la.

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