ROLE NO INTATINGA MAIOR PATRIMONIO DE CAMPINAS KKKKKKK RMC MAIOR PUTEIRO DA AMERICA LATINA

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ROLE NO INTATINGA MAIOR PATRIMONIO DE CAMPINAS KKKKKKK RMC MAIOR PUTEIRO DA AMERICA LATINA

12/09/2015 07h00 - Atualizado em 14/09/2015 19h25

Itatinga é único bairro planejado para prostituição no país, diz pesquisadora
Local foi criado há 48 anos para isolar profissionais do sexo dos moradores.
'Olhar essa realidade é se despir de vários preconceitos', afirma Pastoral.
Roberta Steganha
Do G1 Campinas e Região

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Placa na Rodovia Santos Dumont indica o bairro Jardim Itatinga (Foto: Roberta Steganha/ G1)
Placa na Rodovia Santos Dumont indica o bairro Jardim Itatinga (Foto: Roberta Steganha/ G1)
Uma placa que quase passa despercebida de quem dirige pela Rodovia Santos Dumont, na entrada de Campinas (SP), indica um dos locais mais "emblemáticos" do município: o Jardim Itatinga. O bairro, atualmente uma das maiores áreas de prostituição da América Latina, foi criado pelo poder público há 48 anos, em plena ditadura militar, para isolar as profissionais do sexo dos moradores para não "ameaçar a ordem" na cidade.

De acordo com a arquiteta, urbanista e professora Diana Helene, que estudou o bairro em sua tese de doutorado intitulada "Preta, pobre e Puta: a segregação urbana da prostituição em Campinas", defendida em junho deste ano, o diferencial do local é ter sido criado exclusivamente para concentrar, numa área distante da cidade, todas as atividades ligadas à prostituição.

"No Brasil não existem outros bairros criados do zero pelo planejamento urbano para esse fim, mas existem alguns em outros lugares do mundo, como o bairro planejado de prostituição no Marrocos, o “quartier reservé” de Bousbir, em Casablanca", ressalta.

Prostituição durante o dia na Rua Pacaembu no Jardim Itatinga (Foto: Reprodução/ Google Street View)
Prostituição na Rua Pacaembu no Jardim Itatinga
(Foto:Reprodução/ Google Street View)
Santidade x pecado
Para a pesquisadora, a decisão de confinar a prostituição em uma área afastada do município, entre as rodovias Santos Dummont e Bandeirantes, foi baseada em conceitos morais e numa divisão entre dois papéis de mulheres que não poderiam conviver.

"A 'santa' e 'puta', que não poderiam se misturar, principalmente com o grande crescimento urbano na década de 1960, devido a onda de industrialização. Lá as prostitutas estão protegidas para encarnar livremente seu papel, sem entrarem em conflito. Os clientes também ficam protegidos, de modo a não serem estigmatizados", ressalta a professora.

"Operação Limpeza"
Por isso, a partir de 1966, com o apoio da opinião pública, a polícia começou um processo chamado de “Operação Limpeza”, que consistia em perseguir as prostitutas que trabalhavam de forma independente nas ruas da cidade e fazer acordos com as casas de prostituição para se mudarem para o novo terreno.

Nessa "cruzada" contra a prostituição, as profissionais do sexo foram deslocadas para uma "ilha" de estrutura precária em uma área na periferia da cidade, próxima ao Aeroporto Internacional de Viracopos. A região antes abrigava uma antiga fazenda de café chamada Pedra Branca, Itatinga em tupi-guarani.

Mapa mostra distância do bairro em relação ao centro de Campinas (Foto: Reprodução/ Google Maps)
Mapa mostra distância do bairro em relação ao
Centro (Foto: Reprodução/ Google Maps)
"Essa urbanização acarreta uma divisão entre norte e sul, onde no norte é onde estão os terrenos mais valorizados, os condomínios e shoppings, a Unicamp, e no sul a maioria das ocupações informais, favelas, loteamentos populares e também o bairro de prostituição, demonstrando sua associação na localização urbana com os outros elementos indesejados", afirma a pesquisadora.

Particularidades do bairro
Após vencer a distância, o visitante que chega ao Jardim Itatinga logo se depara com um universo onde tudo gira em torno da prostituição. Há até lojas especializadas para atender as necessidades das profissionais.

No bairro, os serviços sexuais são oferecidos todos os dias da semana, 24h por dia. As profissionais ficam dispostas de duas formas na zona de prostituição: algumas abordam os clientes nas ruas que chegam de carro, já as demais ficam espalhadas em boates. "Dados do Centro de Saúde indicam que trabalham cerca de 2 mil profissionais em cerca de 200 casas de prostituição, de pequeno, médio e grande porte", afirma a pesquisadora. Segundo a prefeitura, na região do Itatinga, que engloba 11 bairros, moram, de acordo com o censo de 2010, 9,5 mil pessoas.

No entanto, nem todos que moram no bairro vivem da prostituição, por isso ao caminhar pela região é comum encontrar nas portas das residências que não têm ligação com o mercado sexual placas de sinalização que dizem "casa de família". A área conta também com um posto de saúde, escolas de educação infantil e ONGs que realizam serviço social com a população.

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