Programa Lendo e Comentando (#7): Viagem Espírita em 1862

1 year ago

Trechos estudados:

"É notável que as crianças educadas nos princípios espíritas desenvolvem um raciocínio precoce que as torna infinitamente mais fáceis de governar; vimos muitas delas, de todas as idades e de ambos os sexos, nas diversas famílias espíritas em que fomos recebidos, onde pudemos constatar o fato pessoalmente. Isto nem lhes tira a alegria natural, nem a jovialidade; nelas não existe essa turbulência, essa obstinação, esses caprichos que tornam tantas outras insuportáveis; pelo contrário, revelam um fundo de docilidade, de ternura e de respeito filial que as leva a obedecer sem esforço e as torna mais estudiosas. Foi o que pudemos notar, e essa observação é geralmente confirmada. Se pudéssemos analisar aqui os sentimentos que essas crenças tendem a desenvolver nas crianças, facilmente conceberíamos o resultado que devem produzir. Diremos apenas que a convicção que têm da presença de seus avós, que ali estão, ao lado delas, podendo vê-las incessantemente, as impressiona bem mais vivamente do que o temor do diabo, do qual logo terminam por não crer, enquanto não podem duvidar do que testemunham diariamente no seio da família. E, pois, uma geração espírita que se educa e que vai aumentando progressivamente. Essas crianças, por sua vez, educarão seus filhos nos mesmos princípios e, enquanto isso, desaparecerão os velhos preconceitos com as velhas gerações. Torna-se evidente que a ideia espírita alcançará, um dia, o status de crença universal.

Um fato não menos característico do estado atual do Espiritismo é o desenvolvimento da coragem de opinião. Se ainda existem adeptos contidos pelo temor, hoje seu número é bem menos considerável ao lado dos que confessam abertamente suas crenças e já não temem dizer-se espíritas, como não receariam passar-se por católicos, judeus ou protestantes. A arma do ridículo, à força de ferir sem provocar danos, acabou por se desgastar e, diante de tantas pessoas notáveis, que proclamam altivamente a nova filosofia, viu-se obrigada a curvar-se. Uma única arma permanece ainda em suspenso: a ideia do diabo; mas é o próprio ridículo que faz justiça. Aliás, não foi apenas este gênero de coragem que percebemos, mas também o da ação, do devotamento e do sacrifício, isto é, dos que corajosamente, em certas localidades, se colocam na vanguarda do movimento das ideias novas, assumindo riscos e afrontando ameaças e perseguições. Sabem que Deus não os esquecerá, caso os homens lhes façam mal nesta vida".

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