Iconocast - Gripe Espanhola: A Pandemia que Mudou a História

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A História da Gripe Espanhola, a doença que propiciou a pandemia mais mortal do Século XX

A moléstia, que se transformou em uma pandemia, deixou milhões de corpos por todo o mundo, transformou mentalidades, o conceito de higiene, sistema de saúde e fez com que o mundo imaginasse estar vivendo o apocalipse.
O início do Século XX é conhecido por ter alocados anos conturbados para a história da humanidade. A Primeira Guerra Mundial, conflagrada em 1914, fez o mundo conhecer o grande potencial humano de tirar vidas. Foram milhões de mortes, gerações ceifadas no coração dos campos de batalhas e trincheiras. Mas, muito além das desgraças desse grande confronto, a história preparava uma terrível surpresa ainda mais infeliz: a Gripe Espanhola.
Causada por uma virulência ligada à "Influenza A", a moléstia ficou conhecida como Gripe Espanhola, pois em 1918, apenas os jornais espanhóis publicavam, com veracidade, informações corretas sobre a doença, pois a nação teve uma participação tímida durante a Primeira Guerra, o que permitiu a preocupação maior com a saúde da população em geral. Os outros países europeus, esses envolvidos diretamente no conflito, evitaram publicar dados e reportagens alarmantes para não mexer com o ânimo das tropas, que já estava bem fragilizado após 4 anos de conflito armado.
O primeiro grande surto da doença foi identificado em 1918 e em menos de 3 anos, a pandemia ceifou a vida de aproximadamente 5% da população mundial (várias vezes mais que a Primeira Guerra). As gerações do início do Século XX já haviam testemunhado a guerra e a fome e agora travavam os primeiros contatos com a doença mais mortal da história da humanidade. Esses fatores levaram o imaginário das pessoas da época a acreditar que o apocalipse bíblico se instalava no mundo, ou que a Gripe era fruto de uma engenharia biológica usada como arma bélica por inimigos. O fato é que a Influênza espalhou o caos, o desespero e a incerteza em um mundo que já estava devastado por conflitos e desgraças. Hospitais, casas, postos, trincheiras, mansões e barracos, nada escapava do poder alastrante e invasivo do vírus.
Corpos eram jogados todos os dias em valas cheias de cal, cemitérios foram construídos aos montes, a doença chegou a levar famílias inteiras e varreu da história linhagens e sobrenomes.
No Brasil, estima-se que 35 mil pessoas tenham morrido vítimas da moléstia. Em São Paulo e Rio de Janeiro, lugares mais afetados pela gripe, corpos enchiam as praças. Com um sistema de saúde quase inexistente, o país foi bastante afetado pela doença que não distinguia ricos e pobres, ela simplesmente se instalava no corpo e tirava a vida do infectado.
Famosos como Franklin Delano Roosevelt, Franz Kafka, Walt Disney e Woodrow Wilson foram infectados pela Gripe Espanhola, o que gerou ainda mais caos, paranoia e repercussão.
O surto só foi controlado com uma força tarefa internacional, formada por médicos e pesquisadores, que conseguiu isolar o vírus e definir tratamentos para a cura da patologia, mas a Gripe ficou e é conhecida até hoje como a doença mais mortal da história da humanidade.

Texto – Joel Paviotti

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