Estado, o AMIGO URSO

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José Ortega y Gasset foi um filósofo espanhol do início do séc. XX. Seus trabalhos sobre filosofia e política entram no contexto de uma Espanha e uma Europa prestes a entrar num século onde a violência estatal culminaria em vários conflitos, ocasionando milhares de mortos e estabelecendo os ideais democráticos e o direito internacional das nações. Em seu livro mais famoso, A Rebelião das Massas, ele fala sobre o estado de coisas na Europa, sobre o surgimento do chamado homem-massa – o homem que só tem opiniões alheias, mas é expert em tudo –, de movimentos como o bolchevismo e o fascismo e sobre o estado geral da Europa naquela época – apática, como que esperando o surgimento de alguém com poder de mando. O espanhol também apresenta nesse livro uma analogia interessante para entendermos a atuação do Estado sobre o indivíduo e como agem suas forças sobre a sociedade. Somos docilizados a essa violência estatal desde o primeiro momento e nos habituamos a ter o Estado como nosso amigo urso, como ele afirma em uma narrativa onde um homem possui um amigo urso que caminha com ele por um caminho. O homem, cansado da caminhada, recosta-se a uma árvore e adormece. Um inseto pousa sobre o homem e o urso, solícito, tenta matar o inseto para proteger o homem de uma possível picada, mas sua força desmedida acaba matando também o amigo humano. Essa é a personificação do Estado na visão do espanhol Ortega y Gasset, pois, embora se mostre amigável inicialmente ao homem, sempre agirá sobre ele com uma força excessiva, tornando essa amizade prejudicial.