Compreendendo o Cenário Político Mundial do Pós-Guerra (WWII) - Yuri Bezmenov

3 years ago
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Durante o período da Guerra Fria, a disputa ideológica entre os dois blocos foi acirrada. As duas superpotências fizeram grandes esforços de propaganda política no intuito de conquistar o apoio mundial. Tanto Estados Unidos quanto União Soviética concentravam sua propaganda político-ideológica em duas frentes: desacreditar a ideologia e as ações do adversário e, ao mesmo tempo, convencer a opinião internacional de que seu sistema político, econômico e sociocultural era superior.

Os serviços de inteligência e espionagem na Guerra Fria desempenharam papel decisivo nesta disputa. Usando de contrainformação, agentes soviéticos infiltrados conseguiram induzir governos ocidentais ao erro, atuando nos EUA já na presidência de Franklin Delano Roosevelt. Por exemplo, Harry Dexter White, funcionário que ocupou importantes cargos no governo estadunidense, era na realidade, um agente a serviço da URSS.

E que, por meio de manipulação de informações, ajudou a sabotar as relações nipo-americanas gerando tensão e desconfianças em ambos os lados. As ações de White levaram o Império do Japão a, erroneamente, tomar a decisão de lançar o ataque a Pearl Harbor, precipitando a entrada dos EUA na guerra mundial, o que era de interesse da URSS.

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Em seu avanço para a Alemanha Nazista, o exército vermelho ocupou o Leste Europeu, levando governos pró soviéticos ao poder nos países da região. Do "socialismo em um só país" chegou-se à "revolução mundial" e, no final do conflito, o comunismo estava presente em 12 países.

Com a vitória sobre o nazifascismo garantida, o general George S. Patton desejava enfrentar os soviéticos, defendendo a estratégia de "rollback" (confronto militar direto ou guerra "quente"), pois considerava o comunismo uma ameaça maior.

O exército dos Estados Unidos encontrava-se na Europa e a URSS estava esgotada pela guerra. Na visão de Patton, aquela era uma oportunidade única para enfrentá-los que não deveria ser desperdiçada.

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Vários dissidentes soviéticos desertaram para o ocidente. Muitos destes desertores denunciaram crimes contra a humanidade cometidos pela URSS, seus estados satélites e por movimentos marxistas-leninistas associados.

Também foram reveladas ações de espionagem e esforços de propaganda para provocar subversão no mundo ocidental. Muitos dissidentes que revelaram fatos sobre a URSS, foram tratados com ceticismo ou descrédito por governos e mídia de países democráticos e também foram alvo de campanhas difamatórias movidas pelo governo soviético.

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Igor Gouzenko, ex funcionário da embaixada soviética no Canadá, denunciou que a espionagem de seu país roubava dos EUA segredos para a fabricação de armas nucleares. O livro Como Começou a Guerra Fria traz detalhes sobre as denúncias de Gouzenko. Em 1953, os norte americanos Julius e Ethel Rosenberg foram condenados à pena de morte por traição, acusados de transmitirem segredos, incluindo tecnologia nuclear, para a URSS.

Anatoliy Golitsyn afirmou que a ruptura sino-soviética (seguido do conflito fronteiriço sino-soviético) foi uma farsa encenada para criar a ilusão de que o bloco comunista estava dividido internamente e, assim, enganar o ocidente. Estudiosos acusam o Movimento Não Alinhado de ter sido idealizado pelos serviços de inteligência soviéticos, com o objetivo de disseminar, no terceiro mundo, o antiamericanismo "camuflado" de neutralidade. Golitsyn defendia a ideia que Ruptura Tito-Stalin não havia sido real, atendendo aos interesses da propaganda comunista ao reforçar a sensação da existência de neutralidades dentro do bloco.

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Yuri Bezmenov, correspondente da agência de notícias RIA Novosti na Índia e agente da KGB, desertou para o Canadá em 1970. Revelou ao ocidente as estratégias usadas para incitar a subversão em países nas quais a URSS almejava implantar governos satélites. Descreveu que o processo de subversão de uma sociedade consiste em quatro fases distintas ("desmoralização", "desestabilização", "crise", "normalização").

Cada fase busca um objetivo: desacreditar ("desmoralizar") religião, valores e cultura; desorganizar ("desestabilizar") as estruturas política, econômica e sociocultural; incitar desordem generalizada ("crise") precipitando a implantação de um governo pró soviético e, após, estabilizar ("normalizar") a situação deste país.

Segundo ele, a subversão é executada por agentes estrangeiros ou colaboradores locais que infiltram-se em diversas áreas, que vão de grupos religiosos, partidos políticos, meio empresarial e mídia conservadora a defensores dos direitos civis, homossexuais, feministas e indústria cultural.

Alertava que, na fase de "normalização" os colaboradores mais idealistas e radicais (os "idiotas úteis") eram descartados, muitas vezes sendo eliminados fisicamente. Yuri Bezmenov deu inúmeros exemplos disto em livros, palestras, entrevistas e conferências.

Para informações mais detalhadas acesse: https://bit.ly/3tKbhXq

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