Premium Only Content

Poesia que Pensa − FERNANDO PESSOA: dois poemas
INDICAÇÕES DE LEITURA:
1) Obra poética, Yves Bonnefoy: volume I.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3s3yKoL
2) Obra poética, Yves Bonnefoy: volume II.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/359WDSz
3) Ariel, Sylvia Plath.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3sP5Yr3
4) Cristal, Paul Celan.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3I7Heki
5) Poemas, Wislawa Szymborska.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3LJimRT
6) Poesia Completa, Mario de Sa-Carneiro.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3IgtkMs
7) O tempo adiado e outros poemas, Ingeborg Bachmann.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3BxijUK
8) Elos líricos: poemas e prosa a grandes poetas, Marina Tsvetáeva.
ONDE ENCONTRAR: https://amzn.to/3sVXez8
OBS: Ao adquirir qualquer um destes livros a partir dos links acima, você ajuda o canal. Muito obrigado!
***
Poesia que Pensa − FERNANDO PESSOA: dois poemas
Neste vídeo são declamados os poemas O MENINO DA SUA MÃE e GRANDES SÃO OS DESERTOS, E TUDO É DESERTO do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935).
O MENINO DA SUA MÃE
No plaino abandonado
Que a morna brisa aquece,
De balas traspassado
— Duas, de lado a lado —,
Jaz morto, e arrefece.
Raia-lhe a farda o sangue.
De braços estendidos,
Alvo, louro, exangue,
Fita com olhar langue
E cego os céus perdidos.
Tão jovem! que jovem era!
(Agora que idade tem?)
Filho único, a mãe lhe dera
Um nome e o mantivera:
«O menino da sua mãe».
Caiu-lhe da algibeira
A cigarreira breve.
Dera-lha a mãe. Está inteira
E boa a cigarreira.
Ele é que já não serve.
De outra algibeira, alada
Ponta a roçar o solo,
A brancura embainhada
De um lenço... Deu-lho a criada
Velha que o trouxe ao colo.
Lá longe, em casa, há a prece:
«Que volte cedo, e bem!»
(Malhas que o Império tece!)
Jaz morto, e apodrece,
O menino da sua mãe.
GRANDES SÃO OS DESERTOS, E TUDO É DESERTO
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Não são algumas toneladas de pedras ou tijolos ao alto
Que disfarçam o solo, o tal solo que é tudo.
Grandes são os desertos e as almas desertas e grandes —
Desertas porque não passa por elas senão elas mesmas,
Grandes porque de ali se vê tudo, e tudo morreu.
Grandes são os desertos, minha alma!
Grandes são os desertos.
Não tirei bilhete para a vida,
Errei a porta do sentimento,
Não houve vontade ou ocasião que eu não perdesse.
Hoje não me resta, em vésperas de viagem,
Com a mala aberta esperando a arrumação adiada,
Sentado na cadeira em companhia com as camisas que não cabem,
Hoje não me resta (à parte o incómodo de estar assim sentado)
Senão saber isto:
Grandes são os desertos, e tudo é deserto.
Grande é a vida, e não vale a pena haver vida.
Arrumo melhor a mala com os olhos de pensar em arrumar
Que com arrumação das mãos factícias (e creio que digo bem).
Acendo o cigarro para adiar a viagem,
Para adiar todas as viagens.
Para adiar o universo inteiro.
Volta amanhã, realidade!
Basta por hoje, gentes!
Adia-te, presente absoluto!
Mais vale não ser que ser assim.
Comprem chocolates à criança a quem sucedi por erro.
E tirem a tabuleta porque amanhã é infinito.
Mas tenho que arrumar a mala,
Tenho por força que arrumar a mala,
A mala.
Não posso levar as camisas na hipótese e a mala na razão.
Sim, toda a vida tenho tido que arrumar a mala.
Mas também, toda a vida, tenho ficado sentado sobre o canto das camisas empilhadas,
A ruminar, como um boi que não chegou a Ápis, destino.
Tenho que arrumar a mala de ser.
Tenho que existir a arrumar malas.
A cinza do cigarro cai sobre a camisa de cima do monte.
Olho para o lado, verifico que estou a dormir.
Sei só que tenho que arrumar a mala,
E que os desertos são grandes e tudo é deserto,
E qualquer parábola a respeito disto, mas dessa é que já me esqueci.
Ergo-me de repente todos os Césares.
Vou definitivamente arrumar a mala.
Arre, hei-de arrumá-la e fechá-la;
Hei-de vê-la levar de aqui,
Hei-de existir independentemente dela.
Grandes são os desertos e tudo é deserto,
Salvo erro, naturalmente.
Pobre da alma humana com oásis só no deserto ao lado!
Mais vale arrumar a mala.
Fim.
***
O Canal Poesia que Pensa é dedicado à literatura moderna e contemporânea (com ênfase nos grandes nomes da poesia ocidental. Nele, leio trechos de poemas e outras peças literárias que dizem respeito, direta ou indiretamente, à condição de crise que todos vivemos hoje assim como aos seus efeitos e consequências em nossas mentes e corações.
**
Meu nome é JORGE LUCIO DE CAMPOS. Sou ensaísta, poeta e professor de Filosofia e Artes da UERJ. Possuo ainda os seguintes canais no YouTube: 1) Rock Progressivo e Experiência Estética; 2) Rock Psicodélico e Experiência Underground; 3) Sofocine: Filosofia e Cinema; 4) A Arte e o Século XX; 5) A Máquina do Poema; e 6) Theatrum Philosophicum: Filosofia e YouTube.
***
Voz: Paulo Autran.
-
UPCOMING
Kimberly Guilfoyle
1 hour agoRussia Hoax Reality Check, Live! | Ep240
392 -
LIVE
vivafrei
2 hours agoWall Street Journal DOUBLING DOWN on Epstein! Lawyer in Canada DEBANKED! AND MORE!
14,815 watching -
4:42:20
Donut Operator
4 hours agoI'M BACK/ CRIME/ GAMEBOY CAMERA CHAD
75.6K4 -
9:51
Warren Smith - Secret Scholar Society
5 days agoThe Moment Tim Pool Discovered Why Andrew Wilson is so Unstoppable
11.3K18 -
DVR
Film Threat
3 hours agoLIVE FROM SAN DIEGO COMIC-CON! (Thursday) | Film Threat Live
364 -
1:40:00
The Quartering
2 hours agoEpstein Burnout, Hulk Hogan Dies, South Park Flops & Much More
94.9K19 -
10:05
Michael Button
6 hours ago $0.10 earnedGroundbreaking Discovery at Stonehenge Rewrites History
2993 -
LIVE
RalliedLIVE
2 hours ago $2.48 earnedSPECIALIST ADDICTED MAN WINS WARZONE SOLOS
289 watching -
1:11:41
Sean Unpaved
3 hours agoBat Flips to Boardrooms: Jets QB Crossroads, Presidential Visits, & RedZone's TV Takeover
35.5K -
DVR
SportsPicks
3 hours agoCrick's Corner: Episode 51
4.32K